Saúde

PrEP: Brasil e África do Sul serão primeiros países a implementar tratamento de longa duração contra o HIV

Desta vez, os comprimidos diários vão ser substituídos por seis injeções anuais

O prédio da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Foto: Erasmo Salomão/MS
Apoie Siga-nos no

O Brasil e África do Sul vão ser os primeiros a implementar o uso de tratamento preventivo com ação prolongada contra o HIV. O sistema funciona como a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), já existente. Mas desta vez os comprimidos diários vão ser substituídos por seis injeções anuais.

A PrEP é um tratamento preventivo, autorizado desde 2012, que pode reduzir em mais de 90% (alguns estudos apontam até 99%) do risco de contaminação pelo HIV. Mas para isso, ele deve ser tomado diariamente. Atualmente cerca de um milhão de pessoas têm acesso à Profilaxia Pré-Exposição por via oral no mundo, inclusive no Brasil, onde os comprimidos são disponibilizados por meio do SUS.

Uma versão injetável da PrEP começará a ser administrada em breve e a experiência terá início no Brasil e na África do Sul. “O Brasil foi um dos países escolhidos por conta da sua história na luta contra a Aids”, explica Maurício Cysne, diretor de relações externas da Unitaids, agência ligada à ONU que financia a implementação do projeto. Ele lembra que o país latino-americano, que já tem um dos maiores programas de Aids do mundo, sempre se mostrou “aberto a ter uma política nacional de prevenção para a Aids”.

O cabotégravir, nome da molécula principal usada na PrEP de ação prolongada, garante uma proteção contra as infecções pelo HIV durante oito semanas, graças a uma injeção intramuscular. Ele é apresentado como uma alternativa para aqueles que não querem tomar comprimidos diários.

“Mesma eficácia”

“Esse tratamento tem a mesma eficácia (que a PrEP por via oral). O que muda é apenas a abrangência”, aponta Cysne. “O projeto, que está sendo liderado pela FioCruz no Brasil, é de que a PrEP injetável seja disponibilizada de forma gratuita no sistema nacional de saúde”, explica.

No entanto, ele ressalta que, como na PrEP por via oral, não se trata de uma vacina que será distribuída a todos. O objetivo é visar as populações consideradas mais vulneráveis diante da epidemia. No caso do Brasil, esse grupo é formado pelas pessoas trans e os homens que mantém relações sexuais com outros homens. Já na África do Sul o primeiro público visado será o dos adolescentes e das mulheres mais jovens, parcelas da população apresentam taxas de contaminação mais elevadas.

“Essas populações mais vulneráveis sofrem de muito estigma e discriminação e buscam pouco os serviços, sejam eles quais forem, inclusive de saúde. Isso dificulta muito o trabalho do sistema nacional de saúde de atingir essas pessoas”, relata Cysne.

O diretor de relações externas da Unitaids lembra que o Brasil ainda registra 40 mil novas infecções de HIV por ano e que mais de 10 mil pessoas ainda morrem anualmente vítimas da Aids.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo