Possível fura fila na vacinação em Manaus gera revolta; MP investiga

Médicas recém-nomeadas e filhas de empresário foram vacinadas na capital amazonense

Créditos: Reprodução Instagram

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Em algumas cidades brasileiras, o início da vacinação contra a Covid-19 virou alvo de investigação. Em pelo menos três estados – Amazonas, Pernambuco e Sergipe -, há denúncias de que a primeira fase da campanha de imunização estaria privilegiando figuras políticas e de influência nas regiões em detrimento dos grupos prioritários.

 

 

Em Manaus, a vacinação de duas médicas recém-formadas gerou revolta da população, que as acusa de furarem fila. As irmãs Isabelle Kirk Maddy Lins e Gabrielle Kirk Maddy Lins foram vacinadas na terça-feira 19, dia em que teve início a campanha na capital do Amazonas.

Chama a atenção o fato de as duas médicas terem sido contratadas para cargos comissionados na Secretaria Municipal de Saúde no dia 18 deste mês. Um decreto assinado pelo prefeito David Almeida (Avante) oficializa a contratação de Gabrielle como gerente de projetos. A irmã, Isabelle, teve a contratação publicada no Diário Oficial do Município um dia depois e foi lotada no gabinete do prefeito.


As profissionais são filhas de Andrea Kirk Maddy Lima, casada com Nilton da Costa Lins Júnior, presidente da mantenedora da Universidade Nilton Lins, uma das maiores de Manaus.

As médicas recém-formadas divulgaram o momento da vacinação nas redes sociais, aumentando ainda mais o desconforto entre os profissionais de saúde. As duas estão entre os 671 profissionais de saúde imunizados com doses da Coronavac no primeiro dia da campanha de vacinação em Manaus. O estado do Amazonas recebeu ao todo 69.880 doses de vacina.

Após o ocorrido, o prefeito David Almeida anunciou a publicação de uma portaria proibindo a divulgação da vacinação em redes sociais por servidores municipais.

O caso será investigado pelo Ministério Público do Amazonas, que apura suspeita de desvio de vacinas. Em nota, a Prefeitura de Manaus negou irregularidades na vacinação das médicas. Segundo o comunicado, as duas foram nomeadas de forma regular e estão atuando “legitimamente”. O prefeito David Almeida afirmou que elas foram contratadas pela prefeitura para atuar no combate à Covid-19 na UBS Nilton Lins e, por isso, foram imunizadas.

 

Investigações em Jupi (PE) e Itabi (SE)

A Promotoria de Justiça de Jupi, no interior de Pernambuco, recebeu uma denúncia de que um cidadão, fora do grupo prioritário estabelecido pelo Plano Nacional de Imunização e pelas diretrizes estaduais de vacinação contra a Covid-19, teria sido imunizado.

Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, foram vacinados a secretária municipal de Saúde de Jupi, Maria Nadir Ferro, e o fotógrafo oficial da prefeitura, conhecido como Guilherme JG. O vídeo do momento da vacinação também circulou nas redes sociais.

Depois do episódio, a prefeitura de Jupi informou em nota que afastou a secretária. “Cabe esclarecer que a gestão repudia totalmente qualquer ilegalidade na não observação do plano estadual e municipal de imunização”, diz o texto. O município de Jupi recebeu 136 doses da vacina contra a Covid-19 para aplicar em duas etapas nos profissionais de saúde.

No município de Itabi, em Sergipe, a polêmica se deu em torno da vacinação do prefeito Júnior de Amynthas (DEM). O Ministério Público Federal enviou ofício ao prefeito cobrando explicações. Nas redes sociais, ele alegou que o ato “foi uma forma de incentivar a população”. O município recebeu 31 doses para a primeira fase de imunização.

 

 


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