Planalto provoca governadores e reivindica tutela de auxílio de R$ 600

Originalmente, o governo federal propôs ajuda de 200 reais, mas agora tenta receber os louros pela distribuição do benefício

O presidente da República, Jair Bolsonaro. Foto: Marcos Corrêa/PR

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O governo do presidente Jair Bolsonaro colocou mais lenha na fogueira em sua disputa com os governadores e prefeitos, em plena pandemia do novo coronavírus. Nesta quinta-feira 9, o Palácio do Planalto publicou uma imagem em que pede os créditos pela distribuição do auxílio financeiro a trabalhadores informais, no valor de 600 reais.

Em postagem no Twitter, o Planalto fez questão de afirmar que os governadores e os prefeitos não são autores da ajuda no período de crise. A imagem é assinada pela Secretaria de Comunicação da Presidência, chefiada por Fábio Wajngarten.

“Atenção: o auxílio emergencial de 600 reais por pessoa não é de prefeituras nem de governos estaduais. O auxílio emergencial é fornecido pelo governo federal, para a população, graças aos impostos pagos pela própria população. É dinheiro dos brasileiros para os brasileiros”, diz a imagem.

Inicialmente, o governo federal propôs um auxílio de somente 200 reais por mês aos trabalhadores informais, durante três meses, conforme anunciou o ministro da Economia, Paulo Guedes, em 18 de março. A quantiaa aumentou após protestos de autoridades públicas. Em 26 de março, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que os parlamentares achavam o valor baixo e queriam aumentá-lo para 500 reais.

 

O auxílio, então, foi pautado para votação no plenário da Câmara e, só neste momento, quando o projeto já seria aprovado, Bolsonaro delegou o líder do governo na Casa, o deputado Major Vitor Hugo (PSL-GO), para autorizar o aumento para 600 reais. A decisão foi vista como uma tentativa de ganhar os louros políticos por algo do qual discorda. Em 30 de abril, o Senado aprovou o texto, mas Bolsonaro demorou mais três dias para sancionar a medida, em 2 de abril.


Ainda assim, o governo ainda não havia apresentado, na data, de que forma o dinheiro chegaria às pessoas. O auxílio só começou a ser pago na quinta-feira 8. No entanto, trabalhadores relatam dificuldades para obter o benefício, por burocracias relacionadas ao CPF.

Em resposta ao post do Planalto, a deputada da oposição, Sâmia Bomfim (PSOL-SP), ironizou: “Se dependesse do governo federal, seriam só 200 reais”.

O Palácio do Planalto entrou em rota de colisão com os governadores desde que passaram a discordar sobre as medidas adotadas em combate ao novo coronavírus. Desafetos de Bolsonaro, como João Doria (PSDB) e Wilson Witzel (PSC), anunciaram decretos com restrições de circulação, e viraram alvos de crítica constante do presidente da República. Os governadores revidam e acusam Bolsonaro de despreparo.

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