Saúde

Pesquisadores que estudam uso da cloroquina são ameaçados

Fiocruz e Universidade do Estado do Amazonas relataram ataques após resultados preliminares de pesquisa

Presidente Jair Bolsonaro defende uso da cloroquina em transmissão ao vivo nas redes sociais. Foto: Reprodução/Facebook
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A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) declarou, em nota publicada nesta sexta-feira 17, que pesquisadores envolvidos em estudos sobre a cloroquina estão recebendo ataques. Segundo a instituição, as ameaças ocorrem após a divulgação de resultados preliminares com o uso da cloroquina em pacientes graves com a covid-19. A aplicação da substância no tratamento contra o coronavírus é amplamente defendida pelo presidente Jair Bolsonaro.

São mais de 70 cientistas responsáveis pelo estudo “CloroCovid-19”, entre eles, estudiosos da Fiocruz, da Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado, da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e da Universidade de São Paulo (USP). Em texto, a Fiocruz considerou os ataques “inaceitáveis” e manifestou apoio aos pesquisadores, clamando por “tranquilidade” e “segurança”.

“A Fiocruz tem trabalhado incansavelmente em diversas frentes de atuação e vem a público clamar pela tranquilidade e segurança de seus pesquisadores, requisitos essenciais para o desenvolvimento de seus estudos. É fundamental alertar que a busca por soluções não pode prescindir do rigor científico e do tempo exigido para obtenção de resultados seguros e que as pesquisas devem se manter, portanto, fora do campo narrativo que constrói esperanças em cima de respostas rápidas e ainda inconclusivas. “, protestou.

A UEA também divulgou nota em que repudia “todos os ataques e as agressões sofridas pelos pesquisadores”. Segundo a instituição de ensino, as ameaças se baseiam em notícias infundadas, sensacionalistas e com viés político que mostra “ignorância em relação ao método científico”.

“A UEA enfatiza que a ausência da capacidade de interpretação por parte dos agressores vem gerando diversas reações violentas a todos os pesquisadores do estudo, o que prejudica a execução da boa ciência, pois desviam o foco dos pesquisadores para situações desconfortáveis e injustas como as que se apresentam”, escreve a Universidade

Conforme reportado pelo jornal Correio Braziliense, um dos pesquisadores sofreu ameaças de morte por terem usado “cobaias humanas” na pesquisa. A Secretaria de Segurança Pública do Amazonas e a Polícia Civil investigam as ameaças.

Segundo informa o jornal, os primeiros dados da pesquisa apontaram que uma alta dose de cloroquina é muito tóxica para pacientes com covid-19 em estado grave, o que gerou a suspensão da dosagem alta. Entre os participantes, 11 pacientes morreram e sete deles, em estado grave, receberam alta dose da substância.

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