O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou nesta segunda-feira 18 que não autorizou, desde que assumiu a pasta, a adoção de protocolos que indicam a prescrição de medicamentos contra a Covid-19. O general, no entanto, avalizou a recomendação do uso de remédios sem eficácia comprovada, como a cloroquina.
“Nunca autorizei o Ministério da Saúde a fazer protocolos indicando medicamentos”, declarou o ministro em entrevista coletiva em Brasília.
No entanto, em 20 de maio do ano passado – quatro dias depois de assumir interinamente o ministério -, Pazuello divulgou um protocolo que ampliava a recomendação do uso da cloroquina. De acordo com documento divulgado pela pasta, cabe ao médico a decisão sobre prescrever ou não a substância.
Reprodução/Ministério da Saúde
Na coletiva, Pazuello voltou a recomendar a “técnica do atendimento precoce”.
“Temos que difundir isso todos os dias, em todos os meios de comunicação, para que a gente possa permitir que as pessoas tenham chance de não agravar. Vários remédios deram algum tipo de resultado e os médicos sabem o que deve ser prescrito para cada paciente”, afirmou o ministro, acrescentando, porém, que “nunca receitou este ou aquele remédio”.
Outro indicativo de que Pazuello mente ao negar a recomendação da cloroquina é uma postagem do perfil oficial do Ministério da Saúde classificada como ‘enganosa’ pelo Twitter.
No último sábado 16, a rede social fez o alerta sobre um post que defendia o ‘tratamento precoce’ contra a Covid-19. Segundo a empresa, houve “a publicação de informações enganosas e potencialmente prejudiciais” relacionadas à doença.
Em nota divulgada neste domingo 17, a pasta voltou a defender o tratamento precoce dos pacientes. “O Ministério da Saúde esclarece que o post bloqueado pela plataforma do Twitter se refere ao tratamento precoce – protocolo da pasta para enfrentamento à pandemia da Covid-19. A pasta solicitou ao Twitter um posicionamento a respeito do ocorrido, já que o conteúdo não feriu nenhuma das políticas de convivência da rede social”, afirmou o ministério.
O ‘tratamento precoce’ se baseia no chamado ‘Kit Covid’, disponibilizado pelo Ministério da Saúde e que inclui a hidroxicloroquina, a cloroquina e outros medicamentos, cuja eficácia contra a doença não foi comprovada. Nesta segunda, ao negar a defesa da prescrição dos medicamentos, o general confirmou que o ministério continuará a disponibilizar a cloroquina “quando solicitado pelos estados e municípios”.
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