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OMS reconhece que há provas de transmissão da covid-19 pelo ar

Anúncio ocorre após grupo de cientistas internacionais alertar sobre a possível forma de contágio

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. Foto: Fabrice COFFRINI/POOL/AFP
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A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu, nesta terça-feira 7, que “surgem provas” da transmissão da covid-19 pelo ar, depois que um grupo de cientistas internacionais alertou sobre esta possível forma de contágio.

“Reconhecemos que surgem provas nesse sentido e, portanto, devemos permanecer abertos a esta possibilidade e às suas implicações, assim como às precauções que devem ser adotadas”, declarou Benedetta Allegranzi, principal autoridade técnica da OMS para prevenção e controle de infecções, durante uma entrevista coletiva virtual.

Um grupo de 239 cientistas internacionais pediu na segunda-feira 6 a autoridades, entre elas a OMS, que reconhecessem que o novo coronavírus pode ser transmitido pelo ar, além dos dois metros recomendados de distanciamento social e pediram uma revisão das normas sanitárias.

Em carta aberta publicada na revista acadêmica Doenças Infecciosas Clínicas, de Oxford, os pesquisadores assinalam que, “além de qualquer dúvida razoável”, os vírus podem viajar uma dezena de metros por via aérea, e alguns eventos mostraram que esta afirmação se confirma no caso do Sars-CoV-2, que provoca a Covid-19.

Até então, a OMS e autoridades nacionais consideravam que a principal via de transmissão da covid-19 são as gotículas de saliva projetadas por tosse, espirro ou fala. Também mencionam as gotículas que permanecem em superfícies por horas ou dias.

“A lavagem das mãos e o distanciamento social são apropriados, mas, no nosso ponto de vista, insuficientes para proteger de micropartículas carregadas de vírus liberadas no ambiente por pessoas infectadas”, publicaram os especialistas. O estudo foi liderado por Lidia Morawska, da Universidade Tecnológica de Queensland.

 

Entre as principais recomendações dos acadêmicos está melhorar a ventilação dos ambientes fechados, instalar filtros de ar mais eficientes e lâmpadas ultravioleta, e evitar aglomerações em edifícios e no transporte público.

Quando uma pessoa tosse ou espirra, as gotas expelidas pela garganta possuem vários tamanhos. As que medem entre cinco e 10 micrômetros caem no chão rapidamente a uma distância de um a dois metros, enquanto as microgotas de diâmetro menor podem permanecer em suspensão no ar e viajar mais longe.

Há um intenso debate na comunidade científica sobre o comportamento destas microgotas no contexto da pandemia de covid-19, mas, no momento, a OMS estima que elas são produzidas em circunstâncias específicas, como na intubação hospitalar. Outros estudos, no entanto, mostram que esta transmissão por micropartículas não se restringe a hospitais. Segundo uma pesquisa relacionada a um episódio ocorrido em um restaurante chinês em janeiro, onde várias pessoas se infectaram, os sistemas de ar-condicionado podem espalhar o vírus.

Os acadêmicos reconhecem que as evidências sobre as microgotas “são incompletas”, mas afirmam que as demonstrações sobre gotas de tamanho normal e a transmissão via contato com superfícies contaminadas também, e, ainda assim, são mencionadas nas diretrizes de saúde.

“Seguindo o princípio da precaução, temos que abordar todas as vias potencialmente importantes para conter a transmissão da covid-19”, assinalam os acadêmicos em seu trabalho, divulgado no momento em que vários países relaxam as medidas de confinamento.

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