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OMS alerta para efeitos dos cortes de fundos dos EUA em áreas de conflito

Donald Trump desmantelou a USAID, que tinha orçamento de 42,8 bilhões de dólares

OMS alerta para efeitos dos cortes de fundos dos EUA em áreas de conflito
OMS alerta para efeitos dos cortes de fundos dos EUA em áreas de conflito
Organização Mundial da Saúde. Foto: Denis Balibouse / Reuters
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Os cortes da ajuda internacional por parte dos Estados Unidos poderiam piorar a situação humanitária em áreas de conflito, onde os sistemas de saúde já são submetidos a fortes tensões, alertou, neste domingo 20, uma dirigente da Organização Mundial da Saúde.

Desde que assumiu o cargo, em janeiro, o presidente norte-americano, Donald Trump, cortou a ajuda externa, inclusive para programas importantes para melhorar a saúde no mundo, e desmantelou a USAID, a agência americana de desenvolvimento, que gerenciava um orçamento anual de 42,8 bilhões de dólares (R$ 250,6 bilhões), o equivalente a 42% da ajuda humanitária mundial.

Washington também anunciou sua saída da OMS, que precisará diminuir seu orçamento em um quinto, reduzindo suas missões e seu pessoal.

Os Estados Unidos, que durante muitos anos foi o principal financiador desta agência da ONU, não pagou sua contribuição de 2024 e poderia não fazê-lo em 2025.

“A OMS desempenha um papel essencial na manutenção dos sistemas de saúde, sua reabilitação, a formação e a mobilização de equipes médicas de emergência”, disse Hanan Balkhy, diretora regional da OMS para o Mediterrâneo oriental, durante entrevista à AFP em Riade.

“Muitos destes programas estão atualmente interrompidos ou não poderão continuar”, advertiu.

Na sitiada Faixa de Gaza, onde a situação sanitária é catastrófica e a destruição, imensa, a maioria dos hospitais está fora de serviço após um ano e meio de combates entre o Exército israelense e o movimento islamista palestino Hamas.

“O apoio das equipes médicas de urgência, o fornecimento de medicamentos, a reabilitação das infraestruturas de saúde: tudo isso foi afetado imediatamente pela paralisação da ajuda americana”, afirma Balkhy.

Comunicação comprometida

No Sudão, a agência enfrenta dificuldades crescentes no contexto de uma guerra entre exército e paramilitares iniciada há dois anos, que deslocaram milhões de pessoas.

Várias regiões são afetadas por pelo menos três epidemias: malária, dengue e cólera, disse Balkhy.

“Estamos trabalhando intensamente para identificar os patógenos emergentes ou reemergentes, a fim de proteger não apenas os sudaneses, mas também o resto do mundo”, afirmou.

A saída dos Estados Unidos da OMS também comprometerá os canais de comunicação estabelecidos com as melhores universidades, centros de pesquisa e instituições de saúde pública do país.

Isto poderia dificultar a troca de informação, crucial para prever crises sanitárias, como uma futura pandemia, e afetaria, portanto, “nossa capacidade de garantir a vigilância e a detecção de doenças” em escala mundial, acrescentou a dirigente da ONU.

Balkhy lembrou que “estas bactérias e vírus não conhecem fronteiras e são indiferentes às circunstâncias políticas humanas”.

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