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O que se sabe sobre o novo vírus que já provocou 17 mortes na China

Propagação de novo vírus levanta temor da SARS, síndrome também viral que matou mais de 600 pessoas nos anos 2000

Verificação de temperatura corpórea ajuda equipes a identificarem infectados (Foto: AFP)
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Atualizado em 22/01/2020, às 18h27

Um novo vírus, similar ao causador da Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars), matou até o momento 17 pessoas e infectou centenas na China, que em alguns dias celebrará o Ano Novo Lunar, quando ocorrem milhões de deslocamentos.

Vários países asiáticos e Estados Unidos implementaram controles de detecção para os passageiros procedentes de Wuhan, a cidade chinesa identificada como o epicentro do vírus.

É completamente novo

Ao que parece, o vírus pertence a uma cepa desconhecida de coronavírus, uma família de patógenos que inclui desde resfriados comuns até a Síndrome Respiratória Aguda Severa (SARS), que matou 349 pessoas na China continental e 299 em Hong Kong entre os anos de 2002 e 2003.

Arnaud Fontanet, à frente do departamento de epidemologia do Instituto Pasteur, em Paris, explicou à AFP que a cepa do vírus atual é 80% idêntica geneticamente a da SARS. A China compartilhou o genoma do vírus com cientistas de outros países, que foi temporariamente denominado de “2019-nCoV”.

Contágio entre humanos

A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou, na última segunda-feira 20, acreditar que a fonte primária do surto do vírus seja de origem animal, e as autoridades de Wuhan indicaram que o centro da epidemia está situado em um mercado de peixe.

No entanto, a China confirmou mais tarde que o vírus se espalhou entre os seres humanos sem  contato com o mercado. Nathalie MacDermott, do King’s College, em Londres, disse que o vírus pode ser transmitido pelo ar quando a pessoa infectada tossir ou espirrar.

Médicos da Universidade de Hong Kong disseram na terça-feira que haveria cerca de 1.343 casos em Wuhan, número semelhante à projeção de 1.700 na semana passada no Imperial College de Londres. Ambas as estimativas são superiores aos números oficiais.

Mais brando que a Sars

Comparados com os sintomas da SARS, esse novo vírus parece ser menos agressivo. Segundo os especialistas, o balanço de mortos é também relativamente baixo. Segundo as autoridades de Wuhan, 25 das mais de 200 pessoas infectadas na cidade ficaram curadas.

Segundo as autoridades de Wuhan, 25 de mais de 200 pessoas infectadas na cidade se curaram. “É difícil comparar essa doença com a Sars”, comentou Zhong Nanshan, um reputado cientista da Comissão Nacional de Saúde da China em uma coletiva de imprensa nesta semana. “É suave. O impacto no pulmão não é como a SRAS”.

No entanto, os cientistas ressaltam que o vírus ser suave também pode gerar alarde já que, com sintomas mais leves, as pessoas podem continuar viajando antes de detectarem a presença do vírus.

Emergência de saúde pública internacional?

A OMS se reunirá na próxima quarta-feira 22 para decidir se o surto deve ser considerado uma “emergência de saúde pública internacional”.

O órgão utilizou essa denominação poucas vezes, como no caso do vírus H1N1 (2009), na epidemia do vírus Ebola (2014-2016) ou no vírus da Zika (2016).

O governo chinês classificou o surto da mesma forma que a SARS, o que implica aos infectados seguir uma quarentena obrigatória e possíveis restrições de viagem.

Precaução no mundo todo

Na Tailândia as autoridades decretaram controles de temperatura corporal obrigatórios para os passageiros procedentes de zonas de alto risco da China. Medidas similares foram tomadas pelos governos de Hong Kong, onde centenas de pessoas morreram durante a epidemia da Sars entre 2002 e 2003, e Estados Unidos, que está controlando os passageiros provenientes de Wuhan.

Taiwan emitiu um alerta para os passageiros que viajarem com origem ou destino da província chinesa onde se encontra o foco do problema. O Vietnã reforçou os controles terrestres com seu vizinho chinês.

Os Estados Unidos também ordenaram a triagem de passageiros que chegam em voos diretos ou de conexão a partir de Wuhan, inclusive nos aeroportos de Nova York, São Francisco e Los Angeles.

Na Europa, Grã-Bretanha e Itália disseram que introduzirão um monitoramento aprimorado dos voos a partir de Wuhan, enquanto a Romênia e a Rússia também estão reforçando os controles.

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