Saúde

Número de internações por desnutrição infantil em 2022 é o maior em dez anos

Levantamento da Sociedade Brasileira de Pediatria aponta que o país não vem sendo capaz de combater a desnutrição infantil; Nordeste lidera entre as regiões

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Em 2022, o Brasil registrou o maior número de crianças de até cinco anos internadas por desnutrição infantil desde 2012. O cenário consta em um levantamento realizado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), por meio de dados obtidos pelo Ministério da Saúde. No ano passado, foram 4.135 crianças internadas. As informações são do site UOL desta sexta-feira 24.

Entre 2012 e 2022, mais de 3 mil crianças de até cinco anos são internadas por desnutrição, todos os anos. No período, os picos tinham sido 2012 (4.128 internações), 2014 (4.072 internações) e 2019 (4.017) internações. 

O patamar máximo em 2022 mostra que o país não vem sendo capaz de combater a desnutrição infantil, apesar do Brasil ter saído do mapa da fome da Organização das Nações Unidas (ONU) ainda em 2014, mas voltado em 2022. A volta ao mapa da fome significa que a falta de alimentos atinge uma média superior a 2,5% da população. No Brasil, em 2022, esse percentual foi de 4,1%, de acordo com a ONU.

Em relação à desnutrição infantil, o levantamento da SBP mostra que, em média, onze crianças de até cinco anos são internadas, todos os dias. Aliado ao problema humanitário da fome, o crescimento das internações gera um problema de saúde pública, demandando uma melhor estrutura hospitalar, e acontece no país de modo desproporcional entre as regiões.

No Nordeste, por exemplo, foi registrado o maior número de hospitalizações, com 15,5 mil desde 2012. A região concentrou 36% de todas as internações do período, enquanto no Sudeste aconteceram 26% das internações, no Norte e no Sul 14%, e no Centro-Oeste 10%. 

A SBP afirmou, porém, que os números do Norte podem estar subestimados, uma vez que questões logísticas podem afetar o próprio acesso aos hospitais e muitos casos de desnutrição infantil podem não ter sido registrados porque crianças não conseguem chegar à rede hospitalar para tratar do problema.

O pico de internações de crianças por desnutrição e a volta do Brasil ao mapa da fome fizeram de 2022 um ano paradigmático sobre a situação econômica e social do país. 

O retrocesso do Brasil no combate à fome infantil pode ser visto, também, nos dados do “Observa Infância”, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que mostra que, enquanto o país registrava, em 2011 um taxa de hospitalizações de crianças menores de um ano associadas à desnutrição de 75 hospitalizações para cada 100 mil nascidos vivos, esse número saltou, em 2021, para 113 hospitalizações a cada 100 mil nascidos vivos. Um crescimento, portanto, de 33,6%.

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