Saúde
Nove crianças Yanomami morreram em janeiro com ‘sintomas de Covid’
As causas dos óbitos ainda não foram confirmadas, explica o DSEI, do Ministério da Saúde. Líder sanitário pede envio de médicos
Nove crianças da etnia Yanomami morreram com sintomas de Covid-19 ao longo de janeiro, diz um ofício enviado na terça-feira 26 pelo Conselho de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kuanna (Condisi-YY) às autoridades de saúde.
De acordo com o portal G1, que teve acesso ao documento, ele é assinado pelo presidente do Condisi-YY, Júnior Hekurari Yanomami, que pede ajuda urgente na disponibilidade de profissionais de saúde para a região.
O ofício informa que quatro mortes ocorreram na comunidade Waphuta, duas delas no último dia 25, e as outras cinco são de Kataroa, Norte de Roraima.
“Ontem, dia 26, fui chamado pelo rádio onde o agente de saúde [de Waphuta] me informou que tinham morrido quatro crianças, duas crianças anteontem, dia 25. Perguntei o motivo, ele me informou que na comunidade está tendo surto de coronavírus, que essas crianças estavam com 39 graus de febre e com dificuldade de respirar.”, relatou Hekurari à reportagem.
Em áudio enviado posteriormente a CartaCapital, Hekurari afirmou que a Secretaria de Saúde Indígena (Sesai) irá enviar um helicóptero para Boa Vista, capital de Roraima, apenas no domingo 31. A missão nas aldeias está prevista para começar apenas na segunda-feira, dia 1º de fevereiro.
Segundo Hekurari, existem “mais de 25” pessoas com sintomas de Covid-19 na mesma região em que as crianças faleceram, assim como “de 10 a 12” crianças em uma situação semelhante de sintomas atrelados ao coronavírus.
Em nota, o Ministério da Saúde afirma que “todos os óbitos em área indígena com suspeita de Covid-19 são investigados”, e que, até o momento, o “DSEI encaminhou uma equipe aos locais para averiguar a situação, mas ressalta que, até o momento, os óbitos não foram confirmados para Covid-19”.
O território Yanomami compreende a maior terra indígena do País e sofreu, durante a pandemia, uma onda de invasões ligadas a grileiros e garimpeiros ilegais.
Entre agosto e outubro de 2020, houve um salto de 230% nos casos de coronavírus em toda a região, denunciou um relatório feito pela Rede Pró-Yanomami.
*Matéria atualizada às 08h45
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