Saúde

“Não é hora para pânico”, diz infectologista do Centro de Contingência do Coronavírus

Marcos Boulos explica quem deve procurar o sistema de saúde caso tenha sintomas do novo coronavírus, que se assemelham aos de uma gripe

Infectologista Marcos Boulos (Foto: Imagem de divulgação/TV Brasil)
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O anúncio do primeiro paciente com coronavírus no Brasil pode ter assustado a população, mas não há motivos para pânico no momento. A doença é monitorada e uma atuação acertada e técnica do Ministério da Saúde – com Henrique Mandetta como um raro ministro que atua com base em fatos, não malabarismos ideológicos – tem como prioridade evitar a transmissão em território nacional. Quem dá esse panorama é o infectologista Marcos Boulos, que faz parte do Centro de Contingência do Coronavírus criado pelo governo de São Paulo e analisa a resposta brasileira à doença que, no mundo, já infectou mais de 83 mil pessoas e matou mais de 2.800, sendo mais de 2600 chineses.

Boulos explica que o novo coronavírus, identificado como Covid-19, é como uma gripe convencional e que, como qualquer doença, atinge de modo mais agressivo pessoas idosas e com dificuldades imunológicas – ou seja, quem tem as defesas do corpo afetadas. Logo, o pânico não é a melhor resposta para o vírus.

“Não é uma doença [autóctone] ainda, esse paciente veio de fora. A despeito de ser brasileiro, ele adquiriu a doença fora e não houve a replicação no Brasil”, explica o infectologista. “Quando se dissemina por aqui, as coisas podem ficar um pouco mais preocupantes, mas não é motivo para pânico porque a doença não é grave. Ela é grave só em pessoas idosas e imunodeprimidas como todas as outras doenças, como a nossa gripe sazonal”, diz. 

As formas de prevenção têm sido amplamente divulgadas, e envolvem cuidados com higiene das mãos, principalmente. Países com números crescentes dos casos, como a Itália, aconselharam os cidadãos a não frequentar lugares fechados ou com multidões. Em coletiva na quinta-feira 27, o secretário executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo, deu a recomendação de forma generalista, mas sem enfatizá-la como urgente para conter o avanço do vírus.

Os sintomas do vírus são comuns aos de uma gripe convencional: febre, dor de cabeça, de ouvido e de garganta e coriza. Marcos Boulos destaca que, neste momento da doença no Brasil, quem esteve em um dos países com transmissão ativa – China, Irã, Itália ou Coréia do Sul, principalmente – ou teve contato com alguém que tenha voltado dessas regiões deve ficar atento aos sintomas.

“Em primeiro lugar, a pessoa com sintomas tem que buscar um diagnóstico para saber se está com o coronavírus, e procurar ficar dentro de casa para evitar passar para outras pessoas.”, diz Boulos.

“Como chegou na Itália e a gente achava que isso não iria acontecer, porque a Itália tem um serviço de vigilância adequado, a doença ficou mais próxima ao Brasil. Foi o que aconteceu com esse indivíduo, que foi trabalhar na Itália e voltou. Claro que vamos receber várias pessoas infectadas, mas o nosso desafio é procurar evitar que ela se dissemine entre nós.”, destacou o médico.

Sobre a possibilidade de uma vacina, Boulos diz que já há estudos e testes primários sendo realizados nos Estados Unidos, e acredita que, se a vacina for elaborada, chegará em um momento de redução do coronavírus no mundo.

Enquanto as bolsas globais oscilam pelas incertezas causadas por uma epidemia ainda maior do coronavírus e governos ao redor do mundo procuram maneiras de lidar com a situação, as ações do Ministério da Saúde brasileiro se anteciparam ao primeiro paciente confirmado e já vinham mapeando institutos para realizar testagens, como o Instituto Adolfo Lutz, além de demais orientações para equipes de saúde. Para o médico, as ações de Mandetta são uma raridade no governo Bolsonaro.

O ministério tem trabalhado adequadamente, não só nesse episódio, mas eu tenho considerado que, além do desastre que têm sido algumas coisas no governo federal, o Ministério da Saúde tem mantido uma coerência técnica adequada. Eu assessoro o ministério nos últimos 30 anos, e não temos queixas com relação a isso”, complementou Marcos Boulos. 

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