Médicos que atuaram em hospitais da operadora de saúde Prevent Senior denunciaram que eram obrigados a prescrever medicamentos do “kit Covid” sob a pena de demissão e retaliações. Além de denúncias anônimas ao Ministério Público de São Paulo, as informações foram coletadas para uma reportagem do canal GloboNews no domingo 11.
Segundo cinco profissionais que trabalharam em hospitais da operadora, o kit Covid, que contém medicamentos cuja eficácia contra Covid-19 não foi comprovada – como cloroquina, azitromicina, ivermectina – possuía também a flutamida, indicada apenas para câncer de próstata e contraindicada para o tratamento em mulheres.
“Eu deixei de prescrever por um único dia acreditando nisso e acabei sendo chamado à diretoria com orientações bem claras de que eu deveria prescrever a medicação e o que ficava implícito era que se não prescrevesse a medicação você estaria fora do hospital”, relatou um dos médicos à reportagem.
Além disso, havia incentivo para que a prescrição dos medicamentos fosse compulsória e até mesmo escondida de familiares dos pacientes.
Outros dois profissionais afirmaram terem sido obrigados a trabalhar mesmo após apresentarem um teste positivo de Covid-19.
Em nota de resposta à reportagem, a Prevent Senior afirmou que “jamais coagiu médicos a trabalhar doentes” e “dá aos médicos a prerrogativa de adotar os procedimentos que julgarem necessários, com toda a segurança e eficiência e sempre de acordo com os marcos legais”. A operadora cita os protocolos do Conselho Federal de Medicina.
Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.
Já é assinante? Faça login