Saúde

Jovens de 20 a 29 anos morreram mais por causas respiratórias em 2020 do que em 2019, diz estudo

Estudo mostra alta de 40% em óbitos respiratórios; ‘podemos inferir evidência de grande quantidade de mortes subnotificadas’, diz relatório

Representação criativa de partículas do vírus SARS-COV-2; Foto: NIAID Representação criativa de partículas do vírus SARS-COV-2; Foto: NIAID
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Jovens de 20 a 29 anos morreram mais por causas respiratórias no 1º semestre de 2020, em comparação ao mesmo período em 2019, segundo um estudo que deve ser divulgado nos próximos dias, com resultados antecipados com exclusividade por CartaCapital. De acordo com a pesquisa, um aumento superior a 40% nas mortes respiratórias foi observado em todo o Brasil, com alta apresentada em 23 estados.

O relatório é assinado por cinco pesquisadores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e um da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), das áreas de engenharias, computação, matemática e microbiologia, imunologia e parasitologia. Eles integram o grupo de estudos Covid-19: Observatório Fluminense, que em junho divulgou outro estudo com uma comparação de mortes respiratórias entre os meses de abril e maio de 2019 e 2020.

Os especialistas avaliaram os impactos da covid-19 a partir de dados do Portal de Transparência do Registro Civil, mantido pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil) e regulamentado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Disponível desde 2018, o site reúne informações sobre nascimentos, casamentos e óbitos. 

O estudo afirma que há aumento considerável nos números de mortes gerais e, em especial, de mortes por causas respiratórias, na comparação entre 2020 e 2019. Os pesquisadores escrevem, portanto, que “podemos inferir a evidência de uma grande quantidade de mortes subnotificadas”. No relatório, eles contabilizaram como causas respiratórias a pneumonia, a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), a insuficiência respiratória e, em 2020, a covid-19.

No 1º semestre de 2019, ocorreram 7.558 mortes de jovens de 20 a 29 anos do sexo masculino, por motivos gerais. No mesmo período em 2020, esse número subiu para 8.318, resultando em uma alta de 10%. 

O mesmo aumento percentual é visto no caso das mortes por motivos gerais entre jovens de 20 a 29 anos do sexo feminino. No 1º semestre de 2019, foram 3.160 óbitos, contra 3.560 no mesmo período do ano seguinte.

Por motivos respiratórios, 1.053 do sexo masculino e 710 do sexo feminino (ambos de 20 a 29 anos) foram a óbito no 1º semestre do ano passado, índices que subiram para 1.476 e 1.055, respectivamente, neste ano. Os pesquisadores, portanto, observaram alta superior a 40%.

 

Segundo mostra o estudo, 23 estados apresentaram aumento na variação percentual de mortes respiratórias entre jovens de 20 a 29 anos, na comparação entre os dois períodos. 

A maior variação percentual foi observada no Amapá. No 1º semestre de 2019, do total de mortes ocorridas entre jovens de 20 a 29 anos, 12,12% foram motivadas por causas respiratórias. No 1º semestre de 2020, esse percentual foi de 26,67%, resultando em uma diferença de 14,55% entre os dois períodos.

Em outras palavras, no 1º semestre 2019, a cada 100 mortes de jovens 20/29 no Amapá, 12 eram por motivos respiratórios. No mesmo período em 2020, o número aumentou: a cada 100 mortes, 26 eram respiratórias.

Amapá, em 2019: Do total de mortes de jovens no 1º semestre (66), 12,12% foram registradas como ocorridas por causas respiratórias; 19,70%, por septicemia [infecção por microorganismo]; 66,67%, por outras causas; 1,52%, por causas desconhecidas.

Amapá, em 2020: Do total de mortes de jovens no 1º semestre (60), 26,67% foram registradas como ocorridas por causas respiratórias; 10%, por septicemia; 61,67%, por outras causas; 1,67%, por causas desconhecidas.

Os pesquisadores destacam o caso do Rio de Janeiro, mais representativo em números totais, com a 9ª maior variação percentual entre os 23 estados que apresentaram alta. Do total de jovens de 20 a 29 anos que morreram no 1º semestre de 2019, 16,95% tinham o óbito registrado com algum motivo respiratório. Neste ano, o percentual foi de 24,05%, uma variação de 7,1%. 

Ou seja, a cada 100 mortes de jovens no Rio de Janeiro no 1º semestre de 2019, 17 eram por motivos respiratórios; no 1º semestre de 2020, o número subiu para 24 a cada 100 óbitos.

Rio de Janeiro, em 2019: Do total de mortes de jovens no 1º semestre (1.293), 16,95% (210) foram registradas como ocorridas por causas respiratórias; 12,83%, por septicemia; 70,22%, por outras causas; 0%, por causas desconhecidas.

Rio de Janeiro, em 2020: Do total de mortes de jovens no 1º semestre (1.468), 24,05% (353) foram registradas como ocorridas por causas respiratórias; 8,79%, por septicemia; 66,21%, por outras causas; 0,95%, por causas desconhecidas.

Outro caso observado pelos estudiosos é o de Pernambuco. Do total de jovens de 20 a 29 anos que morreram no 1º semestre de 2019, 11,63% tinham o óbito registrado com algum motivo respiratório. Neste ano, o percentual foi de 17,65%, uma variação de 6,02%, a 11ª maior entre os 23 estados.

Pernambuco, em 2019: Do total de mortes de jovens no 1º semestre (705), 11,63% (82) foram registradas como ocorridas por causas respiratórias; 14,18%, por septicemia; 71,63%, por outras causas; 2,55%, por causas desconhecidas.

Pernambuco, em 2020: Do total de mortes de jovens no 1º semestre (742), 17,65% (131) foram registradas como ocorridas por causas respiratórias; 9,7%, por septicemia; 70,49%, por outras causas; 2,16%, por causas desconhecidas.

No Amazonas, foram 14,47% no 1º semestre de 2019, contra 26% no 1º semestre de 2020 (diferença de 11,53%). Já o Piauí registrou 20% no 1º semestre do ano passado, contra 30,63% no 1º semestre deste ano (diferença de 10,63%). 

Também apresentaram alta, mas inferior a 10%, os estados de Roraima, Pará, Goiás, Paraíba, Rio de Janeiro, Maranhão, Pernambuco, Espírito Santo, São Paulo, Bahia, Ceará, Rondônia, Rio Grande do Sul, Alagoas, Tocantins, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Paraná e Acre. Houve decréscimo somente no Distrito Federal e nos estados do Rio Grande do Norte, Mato Grosso e Santa Catarina.

Acre: De 18,33% de mortes respiratórias entre 20/29 anos no 1º semestre de 2019, o percentual subiu para 18,48% no mesmo período em 2020.

Amazonas: De 14,47%, subiu para 26%.

Pará: De 16,23%, subiu para 25,33%.

Rondônia: De 17%, subiu para 21,52%.

Roraima: De 12,68%, subiu para 22,06%.

Tocantins: De 14,29%, subiu para 17,02%.

Alagoas: De 12,83%, subiu para 15,62%.

Bahia: De 16,91%, subiu para 21,74%.

Ceará: De 11,95%, subiu para 16,67%.

Maranhão: De 21,95%, subiu para 28,98%.

Paraíba: De 19,9%, subiu para 27,44%.

Pernambuco: De 11,63%, subiu para 17,65%.

Sergipe: De 21,49%, subiu para 33,9%.

Goiás: De 13,42%, subiu para 22,01%.

Espírito Santo: De 14,71%, subiu para 20,07%.

Minas Gerais: De 15,76%, subiu para 18,09%.

Rio de Janeiro: De 16,95%, subiu para 24,05%.

São Paulo: De 17,56%, subiu para 22,48%.

Paraná: De 13,74%, subiu para 14,31%.

Rio Grande do Sul: De 24,76%, subiu para 27,72%.

Rio Grande do Norte: De 22,02%, para 20,57%.

Distrito Federal: De 22,64%, para 18,31%.

Mato Grosso: De 9,86%, para 7,04%.

Santa Catarina: De 20,28%, para 17,78%.

Mortes respiratórias se expandiram entre 30/39 anos e 40/49 anos

No estado do Amapá, problemas respiratórios se tornaram o principal motivo das mortes de pessoas entre 30 e 39 anos, no 1º semestre de 2020. 

Amapá, em 2019: Do total de mortes de 30/39 anos no 1º semestre (69), 27,54% (19) foram registradas como ocorridas por causas respiratórias; 7,25%, por septicemia; 65,22%, por outras causas; 0%, por causas desconhecidas.

Amapá, em 2020: Do total de mortes de 30/39 anos no 1º semestre (61), 55,74% (34) foram registradas como ocorridas por causas respiratórias; 14,75%, por septicemia; 27,87%, por outras causas; 1,64%, por causas desconhecidas.

No caso do Rio de Janeiro, o aumento também é observado como alarmante pelos pesquisadores. No 1º semestre de 2019, a cada 100 mortes de pessoas entre 30 e 39 anos, 20 eram por motivos respiratórios. Já no 1º semestre de 2020, foram 35 mortes nessa faixa etária a cada 100 óbitos.

Rio de Janeiro, em 2019: Do total de mortes de 30/39 anos no 1º semestre (1.780), 20,22% (360) foram registradas como ocorridas por causas respiratórias; 13,82%, por septicemia; 65,79%, por outras causas; 0,17%, por causas desconhecidas.

Rio de Janeiro, em 2020: Do total de mortes de 30/39 anos no 1º semestre (2.323), 34,95% (812) foram registradas como ocorridas por causas respiratórias; 11,11%, por septicemia; 52,86%, por outras causas; 1,08%, por causas desconhecidas.

Em outros 21 estados e no Distrito Federal, também subiu o percentual das causas respiratórias como motivos para mortes entre pessoas de 30 e 39 anos, frente a septicemia, outras causas ou causas desconhecidas. Houve decréscimo no Piauí, no Mato Grosso do Sul e no Rio Grande do Sul.

Acre: De 20% de mortes respiratórias entre 30/39 anos no 1º semestre de 2019, o percentual subiu para 31,15% no mesmo período em 2020.

Amazonas: De 16,77%, subiu para 30,92%.

Pará: De 21,99%, subiu para 40%.

Rondônia: De 15,04%, subiu para 26,75%.

Roraima: De 12,5%, subiu para 39,8%.

Tocantins: De 18,33%, subiu para 23,08%.

Alagoas: De 16,27%, subiu para 25,81%.

Bahia: De 15,91%, subiu para 24,92%.

Ceará: De 15,69%, subiu para 29,8%.

Maranhão: De 20,57%, subiu para 33,99%.

Paraíba: De 15,47%, subiu para 31,23%.

Pernambuco: De 14,91%, subiu para 27,94%.

Rio Grande do Norte: De 20,85%, subiu para 32,18%.

Sergipe: De 18,63%, subiu para 30,7%.

Distrito Federal: De 20,51%, subiu para 24,71%.

Goiás: De 22,66%, subiu para 31,15%.

Mato Grosso: De 8,66%, subiu para 10,18%.

Espírito Santo: De 16,8%, subiu para 29,35%.

Minas Gerais: De 17,48%, subiu para 18,64%.

Rio de Janeiro: De 20,22%, subiu para 34,95%.

São Paulo: De 21,83%, subiu para 30,63%.

Paraná: De 17,87%, subiu para 18,68%.

Santa Catarina: De 21,41%, subiu para 23,19%.

Piauí: De 28,36%, para 27,96%.

Mato Grosso do Sul: De 28,39%, para 23,08%.

Rio Grande do Sul: De 22,1%, para 21,88%.

 

O Amapá teve os problemas respiratórios como a principal causa de mortes também entre pessoas de 40 a 49 anos, no 1º semestre de 2020.

Amapá, em 2019: Do total de mortes de 40/49 anos no 1º semestre (88), 14,77% (13) foram registradas como ocorridas por causas respiratórias; 21,59%, por septicemia; 63,64%, por outras causas; 0%, por causas desconhecidas.

Amapá, em 2020: Do total de mortes de 40/49 anos no 1º semestre (133), 60,9% (81) foram registradas como ocorridas por causas respiratórias; 6,77%, por septicemia; 32,33%, por outras causas; 0%, por causas desconhecidas.

Em outros 24 estados e no Distrito Federal, também subiu o percentual das causas respiratórias como motivos para mortes entre pessoas de 40 e 49 anos, frente a septicemia, outras causas ou causas desconhecidas. Houve decréscimo no Piauí e em Santa Catarina.

Acre: De 18,02% de mortes respiratórias entre 40/49 anos no 1º semestre de 2019, o percentual subiu para 38,65% no mesmo período em 2020.

Amazonas: De 17,76%, subiu para 42,15%.

Pará: De 24,57%, subiu para 44,68%.

Rondônia: De 20,43%, subiu para 30,12%.

Roraima: De 25,33%, subiu para 36,43%.

Tocantins: De 16,31%, subiu para 30,25%.

Alagoas: De 22,67%, subiu para 31,27%.

Bahia: De 17,92%, subiu para 25,57%.

Ceará: De 18,36%, subiu para 37,76%.

Maranhão: De 19,61%, subiu para 32,77%.

Paraíba: De 23,55%, subiu para 32,04%.

Pernambuco: De 15,49%, subiu para 28,59%.

Rio Grande do Norte: De 20,05%, subiu para 25,93%.

Sergipe: De 14,73%, subiu para 29,32%.

Distrito Federal: De 23,96%, subiu para 29,32%.

Goiás: De 21,71%, subiu para 28,71%.

Mato Grosso do Sul: De 24,33%, subiu para 28,66%.

Mato Grosso: De 12,33%, subiu para 13,08%.

Espírito Santo: De 19,56%, subiu para 28,95%.

Minas Gerais: De 19,83%, subiu para 20,85%.

Rio de Janeiro: De 19,49%, subiu para 37,14%.

São Paulo: De 23,54%, subiu para 34,15%.

Paraná: De 18,16%, subiu para 18,82%.

Rio Grande do Sul: De 20,36%, subiu para 21,23%.

Piauí: De 30,10%, para 27,97%.

Santa Catarina: De 21,03%, para 19,98%.

Um dos coordenadores da pesquisa, o doutor em Engenharia e professor do Departamento de Eletrônica e Telecomunicações da UERJ, Lisandro Lovisolo, destaca que, a partir dos 20 anos, a mortalidade por causas respiratórias “aumentou muito”. Ouvido por CartaCapital, o pesquisador reforçou que o impacto da doença “não é seletivo”.

“O principal que a gente observou é que o impacto na mortalidade entre jovens, nos estados onde houve a covid-19, foi grande: entre 20 e 29, 30 e 39, 40 e 49. Entre os idosos, o impacto é ainda maior para 50 a 59 anos, 60 a 69 maior ainda, mas a partir de 90, não mais. Ou seja, não é seletivo, somente entre os mais velhos. A covid também tem um grande impacto entre os jovens, entre o pessoal que está na idade mais ativa economicamente, contribuindo como força de trabalho com a sociedade”, avalia.

Passageiros se aglomeram em estação de trem na cidade de São Paulo. Foto: Nelson Almeida/AFP

Amapá, Pará e Amazonas: causas respiratórias como maior motivo para mortes de pessoas entre 50/59 e 60/69

As causas respiratórias tornaram-se o principal motivo para mortes de pessoas entre 50 e 59 anos nos estados do Amazonas, Amapá e Pará. Veja no caso do Amazonas:

Amazonas, em 2019: Do total de mortes de 50/59 anos no 1º semestre, 16,77% foram registradas como ocorridas por causas respiratórias; 14,02%, por septicemia; 67,99%, por outras causas; 1,22%, por causas desconhecidas.
Amazonas, em 2020: Do total de mortes de 50/59 anos no 1º semestre, 46,45% foram registradas como ocorridas por causas respiratórias; 8,8%, por septicemia; 44,08%, por outras causas; 0,68%, por causas desconhecidas.

Amapá, em 2019: Do total de mortes de 50/59 anos no 1º semestre, 24,68% foram registradas como ocorridas por causas respiratórias; 21,59%, por septicemia; 63,64%, por outras causas; 0%, por causas desconhecidas.
Amapá, em 2020: Do total de mortes de 50/59 anos no 1º semestre, 58,96% foram registradas como ocorridas por causas respiratórias; 8,96%, por septicemia; 32,08%, por outras causas; 0%, por causas desconhecidas.

Pará, em 2019: Do total de mortes de 50/59 anos no 1º semestre, 26,67% foram registradas como ocorridas por causas respiratórias; 15,13%, por septicemia; 57,17%, por outras causas; 1,04%, por causas desconhecidas.
Pará, em 2020: Do total de mortes de 50/59 anos no 1º semestre, 49,07% foram registradas como ocorridas por causas respiratórias; 7,22%, por septicemia; 42,99%, por outras causas; 0,73%, por causas desconhecidas.

Em todos os estados e no Distrito Federal, houve aumento no percentual de mortes respiratórias em relação ao número total de mortes gerais, entre pessoas dessa faixa etária. Em 11 estados, a variação superou 10%: Acre, Rondônia, Roraima, Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Sergipe, Espírito Santo e Rio de Janeiro.

De acordo com o relatório, Amazonas, Amapá e Pará também figuram na lista dos estados em que as mortes de pessoas entre 60 e 69 anos foram principalmente motivadas por causas respiratórias em 2020. Roraima também aparece nessa relação.

Em 25 estados e no Distrito Federal, houve aumento em mortes respiratórias para pessoas de 60 a 69 anos. A variação superou 10% em 7 estados: Acre, Rondônia, Alagoas, Ceará, Maranhão, Pernambuco e Rio de Janeiro. Houve decréscimo somente em Santa Catarina.

Amazonas, em 2019: Do total de mortes de 60/69 anos no 1º semestre, 18,67% foram registradas como ocorridas por causas respiratórias; 14,15%, por septicemia; 66,03%, por outras causas; 1,15%, por causas desconhecidas.
Amazonas, em 2020: Do total de mortes de 60/69 anos no 1º semestre, 50,20% foram registradas como ocorridas por causas respiratórias; 8,15%, por septicemia; 40,62%, por outras causas; 1,02%, por causas desconhecidas.

Amapá, em 2019: Do total de mortes de 60/69 anos no 1º semestre, 23,81% foram registradas como ocorridas por causas respiratórias; 15,24%, por septicemia; 60,95%, por outras causas; 0%, por causas desconhecidas.
Amapá, em 2020: Do total de mortes de 60/69 anos no 1º semestre, 60,31% foram registradas como ocorridas por causas respiratórias; 7%, por septicemia; 32,68%, por outras causas; 0%, por causas desconhecidas.

Pará, em 2019: Do total de mortes de 60/69 anos no 1º semestre, 27,37% foram registradas como ocorridas por causas respiratórias; 13,10%, por septicemia; 59,17%, por outras causas; 0,36%, por causas desconhecidas.
Pará, em 2020: Do total de mortes de 60/69 anos no 1º semestre, 50,82% foram registradas como ocorridas por causas respiratórias; 9,14%, por septicemia; 39,73%, por outras causas; 0,31%, por causas desconhecidas.

Roraima, em 2019: Do total de mortes de 60/69 anos no 1º semestre, 22,31% foram registradas como ocorridas por causas respiratórias; 18,46%, por septicemia; 59,23%, por outras causas; 0%, por causas desconhecidas.
Roraima, em 2020: Do total de mortes de 60/69 anos no 1º semestre, 49,32% foram registradas como ocorridas por causas respiratórias; 7,82%, por septicemia; 42,86%, por outras causas; 0%, por causas desconhecidas.

 

Entre as pessoas de 70 a 79 anos, as mortes respiratórias tornaram-se, em 2020, o principal motivo no Acre (49,42%), no Amazonas (48,07%), Amapá (59,11%), Pará (52,52%), Roraima (52,79%) e Ceará (47,02%).

Em 25 estados e no Distrito Federal, houve aumento expressivo no percentual de participação das causas respiratórias nos registros de óbito gerais. A variação superou 10% no Maranhão, em Pernambuco, no Espírito Santo e no Rio de Janeiro. Somente no Rio Grande do Sul houve decréscimo de 0,01%.

Decréscimo em mortes respiratórias entre menores de 10 e maiores de 80

O relatório indica diferenças na expressividade das extremidades das faixas etárias, entre os mais velhos e os mais novos.

No caso das mortes entre brasileiros entre 80 e 89 anos, desce para 20 o número de estados, além do Distrito Federal, que registraram aumento das causas respiratórias nos registros de óbito em 2020. Há decréscimo em mais estados: Rondônia, Tocantins, Piauí, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

Ao mesmo tempo, sobe para 7 o número de estados que tiveram as causas respiratórias como principal motivo de mortes nessa faixa etária: Amazonas (45,15%), Amapá (50,52%), Pará (49%), Roraima (54,5%), Ceará (47,86%), Distrito Federal (45,43%), Goiás (43,63%) e São Paulo (43,56%).

Entre pessoas de 90 e 90 anos, ainda menos estados registram aumento: são 18 e o Distrito Federal. Há decréscimo em mais estados: Acre, Rondônia, Alagoas, Piauí, Rio Grande do Norte, Mato Grosso, Minas Gerais e São Paulo.

As causas respiratórias foram o principal motivo de mortes entre 90 e 99 anos nos estados Amapá, Pará, Roraima, Espírito Santo e São Paulo, sendo que, no território paulista, os registros de óbito apontavam o mesmo em 2019.

Nas pessoas com mais de 100 anos, apenas 11 estados e o Distrito Federal tiveram aumento das causas respiratórias como motivos para mortes, em relação ao conjunto dos registros de óbito gerais.

Na outra ponta, entre os mais novos, de 0 a 9 anos, somente Roraima, Pernambuco e Sergipe tiveram aumento, por volta de 2 pontos percentuais entre os dois períodos.

Entre os brasilerios de 10 a 19 anos, 11 estados apresentaram aumento das causas respiratórias nos registros de óbito em 2020: Amapá, Pará, Rondônia, Pernambuco, Sergipe, Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro e Santa Catarina. Em todo o restante, houve decréscimo.

Se observadas todas as idades em conjunto, 22 estados e o Distrito Federal apresentaram aumento das causas respiratórias no conjunto de registros gerais de óbito. No Amapá, tornaram-se a principal causa de mortes: em 2019, mortes respiratórias compunham 29,39% dos registros gerais; em 2020, o índice aumentou para 53,29%. Piauí, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul e Santa Catarina registraram decréscimo.

Ao detectar as diferenças dos dados entre os estados, os pesquisadores destacam que a epidemia chegou em momentos diferentes em cada região do Brasil.

“Devido à grande extensão do Brasil, a doença chegou em datas diferentes, em regiões diferentes. Além disso, a heterogeneidade do Brasil revela diferentes ritmos da epidemia nos diversos estados do país e regiões dentro do estados, de forma que a epidemia da covid-19 é composta por diferentes surtos em diferentes regiões, estados e até municípios do território brasileiro”, diz o estudo.

Manifestantes em São Paulo protestam após Brasil passar de 100 mil vítimas fatais da covid-19. Foto: Nelson Almeida/AFP

 

Entre junho de 2019 e 2020, dois estados têm alta de 300% em mortes respiratórias

O estudo também comparou o número de mortes respiratórias no mês de junho de 2020, incluindo covid-19, com o mesmo período em 2019. Os pesquisadores registraram alta de mortes respiratórias em 22 estados e no Distrito Federal. Lideram a lista o estado de Roraima, com aumento de 378,46%, e o Acre, com 311,59%. O Amapá aparece em seguida, com alta de 211,29%.

Dez estados apresentaram alta entre 100% e 200% na comparação entre os dois períodos: Pará, Amazonas, Alagoas, Ceará, Maranhão, Rio Grande do Norte, Sergipe, Espírito Santo, Pernambuco e Mato Grosso. Quatro estados apresentaram decréscimo: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul.

Roraima: De 65 mortes respiratórias em junho de 2019, subiu para 311 em junho de 2020 (+ 378,46%).

Acre: De 69 mortes respiratórias em junho de 2019, subiu para 284 em junho de 2020 (+ 311,59%).

Amapá: De 62 mortes respiratórias em junho de 2019, subiu para 193 em junho de 2020 (+ 211,29%).

Alagoas: De 347 mortes respiratórias em junho de 2019, subiu para 997 em junho de 2020 (+ 187,32%).

Maranhão: De 350 mortes respiratórias em junho de 2019, subiu para 977 em junho de 2020 (+ 179,14%).

Pará: De 504 mortes respiratórias em junho de 2019, subiu para 1.318 em junho de 2020 (+ 161,51%).

Ceará: De 846 mortes respiratórias em junho de 2019, subiu para 2.193 em junho de 2020 (+ 159,22%).

Mato Grosso: De 151 mortes respiratórias em junho de 2019, subiu para 386 em junho de 2020 (+ 155,63%).

Espírito Santo: De 584 mortes respiratórias em junho de 2019, subiu para 1.490 em junho de 2020 (+ 155,14%).

Sergipe: De 251 mortes respiratórias em junho de 2019, subiu para 625 em junho de 2020 (+ 149%).

Rio Grande do Norte: De 407 mortes respiratórias em junho de 2019, subiu para 974 em junho de 2020 (+ 139,31%).

Amazonas: De 211 mortes respiratórias em junho de 2019, subiu para 489 em junho de 2020 (+ 131,75%).

Pernambuco: De 1.099 mortes respiratórias em junho de 2019, subiu para 2.498 em junho de 2020 (+ 127,3%).

Distrito Federal: De 419 mortes respiratórias em junho de 2019, subiu para 831 em junho de 2020 (+ 98,33%).

Bahia: De 1.293 mortes respiratórias em junho de 2019, subiu para 2.538 em junho de 2020 (+ 96,29%).

Tocantins: De 93 mortes respiratórias em junho de 2019, subiu para 167 em junho de 2020 (+ 79,57%).

Paraíba: De 617 mortes respiratórias em junho de 2019, subiu para 1.090 em junho de 2020 (+ 76,66%).

Rio de Janeiro: De 3.357 mortes respiratórias em junho de 2019, subiu para 5.754 em junho de 2020 (+ 70,39%).

São Paulo: De 10.094 mortes respiratórias em junho de 2019, subiu para 14.782 em junho de 2020 (+ 46,44%).

Goiás: De 889 mortes respiratórias em junho de 2019, subiu para 1.223 em junho de 2020 (+ 37,57%).

Rondônia: De 128 mortes respiratórias em junho de 2019, subiu para 174 em junho de 2020 (+ 35,94%).

Piauí: De 403 mortes respiratórias em junho de 2019, subiu para 476 em junho de 2020 (+ 18,11%).

Paraná: De 1.668 mortes respiratórias em junho de 2019, subiu para 1.794 em junho de 2020 (+ 7,55%).

Rio Grande do Sul: De 2.101 mortes respiratórias em junho de 2019, desceu para 2.047 em junho de 2020 (- 2,57%).

Santa Catarina: De 981 mortes respiratórias em junho de 2019, desceu para 911 em junho de 2020 (- 7,14%).

Minas Gerais: De 2.946 mortes respiratórias em junho de 2019, desceu para 2.369 em junho de 2020 (- 19,59%).

Mato Grosso do Sul: De 492 mortes respiratórias em junho de 2019, desceu para 394 em junho de 2020 (- 19,92%).

 

No sábado 8, o Brasil ultrapassou a marca de 100 mil notificações de óbito por coronavírus e 3 milhões de casos confirmados. Os brasileiros estão na vice-liderança de rankings mundiais de mortes e de contaminações pelo novo vírus, atrás somente dos Estados Unidos, segundo contagem da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Apesar do crescimento dos índices, o presidente Jair Bolsonaro ainda não nomeou um chefe definitivo para o Ministério da Saúde. Desde que Nelson Teich pediu demissão, em 15 de maio, o general Eduardo Pazuello comanda a pasta de forma interina.

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