Saúde

Itália registra primeiro caso da nova mutação do coronavírus

A paciente é uma italiana que, junto com seu companheiro, desembarcou no aeroporto de Roma, na semana passada, proveniente de Londres

Uma fila de passageiros aguarda a sua vez no balcão de check-in da Ryanair no Aeroporto Ciampino, Itália. (Foto: iStock)
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*Gina Marques, correspondente da RFI em Roma

A notícia foi divulgada na noite de domingo (20) pelo Ministério da Saúde da Itália. Segundo o comunicado, o casal permanece isolado depois que médicos do hospital militar Celio realizaram a sequência do genoma da nova cepa do Sars-CoV-2, que seria 70% mais contagiosa que a anterior

A italiana não desenvolveu uma forma grave da doença, apesar de ter uma carga viral elevada. O companheiro dela estaria contaminado pela Covid-19 sem mutação. 

Para evitar pânico na Itália, o governo prefere manter um sigilo máximo sobre o caso. Medidas de segurança foram imediatamente tomadas, com familiares e contatos próximos do casal também submetidos a testes. 

Os passageiros que estavam no mesmo voo também foram contatados. As autoridades se preocupam principalmente com os que se sentaram próximos ao casal,  nas duas filas da frente e nas duas de trás dentro do avião. 

Por enquanto, os resultados dos exames dos possíveis contaminados não foram comunicados, mas há uma forte preocupação com cidadãos italianos que retornaram de cidades britânicas nas duas últimas semanas. Por isso, o governo decidiu suspender os voos com o Reino Unido até o próximo 6 de janeiro, seguindo a mesma linha de outros países da União Europeia como Alemanha, Áustria, Bélgica e Holanda.  

Lockdown de fim de ano  

Além do temor da nova cepa do coronavírus, a Itália se prepara para passar as festas de fim de ano sob lockdown. Para evitar a propagação da doença, o governo decretou o fechamento do país no período do Natal, Ano Novo e Dia dos Reis, 6 de janeiro. As restrições serão flexibilizadas durante os feriados. No entanto, está proibido viajar de uma cidade a outra para visitar parentes ou amigos. 

A Itália ocupa o terceiro lugar no mundo com maior número de mortos a cada 100 mil habitantes, segundo o balanço da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos. Desde o início da pandemia, quase 70 mil pessoas morreram no país. Devido ao aumento do índice de contágio da Covid-19, o governo optou pela linha dura, mantendo o toque de recolher das 22h às 5h. 

Durante todo o período de lockdown sob “alerta vermelho” – dez dias, no total – cada pessoa só poderá sair de casa comprovando, através de um certificado,  autorização para trabalhar, comprar comida ou ir à farmácia. Para os infratores, as multas podem chegar até € 1.000 (cerca de R$ 6.200).  

Os bares e restaurantes permanecerão fechados e as lojas também não poderão abrir, exceto os comércios de primeira necessidade. De 28 a 30 de dezembro e em 4 de janeiro, o regime será um pouco mais flexível e permitirá a abertura de lojas, mas não de bares e restaurantes.  

Encontros limitados

As tradicionais festas com casas cheias de parentes e amigos estão proibidas neste fim de ano na Itália. A circulação ficará limitada ao próprio município durante duas semanas. Só quem mora em cidades pequenas poderá viajar até 30 quilômetros de distância. O deslocamento é autorizado uma vez ao dia dentro de sua própria região para visitar parentes e amigos, sempre respeitando o toque de recolher. 

É permitido que até duas pessoas sejam convidadas por residência, sejam familiares ou amigos, acompanhados ou não por seus filhos, se estes tiverem menos de 14 anos. Por exemplo, uma pessoa que vai visitar a mãe, pode ir no máximo acompanhada por outro adulto e por menores de 14 anos. Além disso, essa pessoa não pode ir à casa de um parente e no mesmo dia visitar outros, mesmo que estejam na mesma cidade. 

O primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, afirmou que não serão feitos controles dentro das casas dos italianos. Por outro lado, o policiamento ocorrerá nas ruas, verificando os certificados das pessoas para deslocamentos e conferindo dados. 

Celebrações religiosas  

O decreto do governo italiano permite ir à igreja mais próxima para participar das cerimônias religiosas. A Conferência Episcopal do país afirmou que respeitará as regras de distanciamento físico entre os fiéis dentro da capacidade de acolhimento nas igrejas.

O papa Francisco decidiu antecipar de duas horas o início da Missa do Galo para respeitar as regras de contenção da pandemia. Este ano, a celebração começará às 19h30, hora local (15h30 no horário de Brasília). A mudança foi decidida porque o evento costuma durar até a meia-noite do dia 25 de dezembro, horário em que a Itália estará sob toque de recolher neste Natal.

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