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Itália já pensa em plano para sair gradativamente da pandemia

Há planos de uso generalizado de máscaras e aplicativos para rastrear contaminados, mas autoridades pedem cautela para não gerar novo pico

Itália já pensa em plano para sair gradativamente da pandemia
Itália já pensa em plano para sair gradativamente da pandemia
(Foto: Filippo MONTEFORTE / AFP)
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A Itália, que observa uma desaceleração da pandemia do novo coronavírus, já pensa em sua recuperação com um plano sanitário, embora o governo advirta que o retorno à normalidade não será do dia para a noite.

O país, até agora o mais afetado no mundo pela epidemia, registrou neste domingo 05 o menor número de mortos em 24 horas (525) em mais de duas semanas.

Temendo um relaxamento no comportamento das pessoas pela chegada da primavera e o feriado da Páscoa, as autoridades insistem em repetir nos últimos dias que não se deve baixar a guarda em relação ao coronavírus. “Não estamos em condições de suavizar as medidas” de confinamento, advertiu o primeiro-ministro, Giuseppe Conte, ao anunciar que a Itália continuará paralisada pelo menos até 13 de abril.

“A emergência não terminou. O perigo não desapareceu. Ainda temos alguns meses difíceis pela frente, não desperdicemos os sacrifícios feitos”, exortou neste domingo o ministro da Saúde, Roberto Speranza, em entrevista aos jornais Corriere della Sera e La Repubblica. O objetivo é uma volta à normalidade “o quanto antes”, acrescentou o ministro, sem dar uma data.

E depois? O chefe da Defesa Civil, Angelo Borrelli, que todos os dias dá um balanço das vítimas, anunciou na sexta que a Itália continuaria confinada até 11 de maio, embora tenha informado que a decisão correspondia exclusivamente ao governo.

Cauteloso, Borrelli mencionou a data de 16 de maio como possível data para uma “fase 2”, sinônimo de “coexistência com o vírus”, mas só “se a evolução (da pandemia) não mudar”.

Quais serão as medidas sanitárias?

O ministro da Saúde expôs neste domingo um plano estratégico em cinco pontos “para sair gradualmente” da pandemia, que preconiza o uso generalizado de máscaras, o distanciamento social escrupuloso nos locais de vida e de trabalho e um dispositivo de hospitais dedicados à COVID-19, que ficarão abertos após a crise para impedir um possível retorno do vírus.

O governo prevê reforçar “as redes sanitárias locais” para que cada doente identificado possa ser submetido a testes de detecção e de tratamento, bem como coletar amostras da população para determinar o número exato de contaminados.

O governo considera também o uso de um aplicativo em smartphones, baseada no modelo sul-coreano, para localizar a circulação dos doentes nas 48 horas anteriores à infecção e favorecer a telemedicina para, por exemplo, vigiar a domicílio sua frequência cardíaca e seu nível de oxigênio no sangue.

“Inclusive quando os casos de coronavírus caírem a zero, a vida não será a mesma durante muito tempo”, advertiu o presidente do Instituto Superior de Saúde (ISS), Silvio Brusaferro.

Com o abrandamento das medidas de confinamento, as primeiras atividades que deveriam ser retomadas são as vinculadas à cadeia de abastecimento alimentício e farmacêutico. Este também deveria ser o caso dos artesãos, cujas lojas tenham uma visitação limitada de pessoas.

Bares, restaurantes, boates e academias de ginástica serão os últimos a abrir e, chegado o momento, é provável que seus proprietários devam prever um distanciamento de segurança de pelo menos um metro entre seus clientes e com seu pessoal.

As pessoas que desejarem voltar à Itália – 200.000 italianos atualmente, segundo cifras oficiais – deverão ser postas em isolamento e apresentar a bordo de um avião ou um trem a declaração juramentada em que informe o endereço em que vão se submeter a um período de quarentena.

Os transportes públicos deverão manter uma ocupação baixa, o que seria possível graças a controladores encarregados de fazer respeitar uma distância entre os passageiros, usando apenas um assento a cada dois ou deixando que um número limitado de pessoas embarque nas composições, trens ou em ônibus.

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