Internações por Covid-19 começam a estabilizar em São Paulo

Média móvel de novas hospitalizações por dia dá sinais de recuo, mas infectologista destaca que ainda é cedo e reforça importância de ampliar a cobertura vacinal

Foto: Raquel Portugal/Fiocruz

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O ritmo de novas internações por Covid-19 no estado de São Paulo começou a apresentar uma tendência de estabilidade na última semana, depois de passar pouco mais de um mês em alta. A taxa, no entanto, permanece elevada, com mais de 400 novas hospitalizações por dia.

Segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES), nesta segunda-feira foram registradas 322 internações pela doença, levando a média móvel a 428 registros por dia. O número é 5% maior que o de sete dias atrás, quando estava em 416. Alterações abaixo de 15% são consideradas indicadores de estabilidade.

Para o infectologista do Instituto Emílio Ribas Leonardo Weissmann, diretor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), porém, o cenário ainda é de alerta e não há como confirmar que a doença está dando indícios de um recuo.

— As variantes da Ômicron são bastante transmissíveis e o número de casos não para de subir nesse momento. Entretanto, muitos casos são leves graças à vacinação. Mas ainda é cedo para se falar em desaceleração da doença — diz o especialista.

Durante a pandemia, a taxa chegou a um pico de 3.399 novas internações por dia em março de 2021, quando o País passava pelo momento mais dramático da crise sanitária e ainda avançava de forma lenta na vacinação dos grupos prioritários.

Antes da onda atual da doença, o valor mais alto foi registrado em junho com a alta de casos causada pelas subvariantes da Ômicron BA.4 e BA.5. Na época, a média chegou a 626 novas hospitalizações diariamente nas unidades públicas e privadas de São Paulo.


Desde então, o índice estava em queda, chegando a apenas 113 em outubro – patamar mais baixo de toda a pandemia. Porém, a partir do fim do mês, com o avanço da subvariante BQ.1 da Ômicron, que tem potencial maior de escapar das defesas de infecções prévias e das vacinas, a taxa voltou a subir.

De acordo com o último levantamento da rede de saúde Dasa, que contempla mais de mil laboratórios de diagnóstico pelo País, a proporção de casos causados pela sublinhagem já é de 18% do total no Brasil, mas de 29% na capital paulista.

— Mesmo pessoas que já tiveram Covid-19 podem se infectar novamente. As mais vulneráveis hoje são as não vacinadas ou que não receberam todas as doses da vacina recomendadas, especialmente crianças, idosos e pessoas imunossuprimidas, que têm um quadro de enfraquecimento do sistema imunológico — afirma Weissmann.

Além disso, ainda que uma estabilidade tenha sido observada na última semana em relação às hospitalizações de São Paulo, o ritmo de novos diagnósticos ainda está em alta. No mesmo período, o estado saiu de uma média móvel de 1.573 casos por dia para 2.263, um aumento de 44%.

Já em relação às mortes, o crescimento é mais baixo. No dia 21, a média móvel era de 20 óbitos por dia. Nesta segunda-feira, a taxa cresceu 23%, passando para aproximadamente 25 vítimas diárias.

— É fundamental que a população se conscientize do seu papel no controle da doença. A vacinação é a principal forma, tanto individualmente quanto coletivamente. Porém, há outras medidas eficazes e que devem ser seguidas, como o uso de máscara de proteção respiratória, especialmente em lugares fechados e com grande concentração de pessoas, evitar aglomerações, manter ambiente bem ventilado, higienização frequente das mãos — orienta o infectologista.

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