Saúde
Hospital de Porto Alegre aluga contêiner para acomodar mortos da Covid
Médico do Hospital Moinhos de Vento diz viver ‘cenário de guerra’. O Rio Grande do Sul registrou 100% de ocupação de UTIs nesta terça


O Hospital Moinhos de Vento, uma das referências na saúde privada de Porto Alegre (RS), contratou contêineres para conseguir comportar as vítimas fatais da Covid-19, em um momento de colapso generalizado do sistema de saúde gaúcho.
A informação foi confirmada pelo superintendente do hospital, o médico Luiz Antonio Nasi, em uma entrevista à GloboNews nesta terça-feira 2. Hoje, a instituição registrou 114,9% da ocupação dos leitos de UTI – ou seja, acima da capacidade máxima prevista.
“A nossa lista do morgue [necrotério], ontem, ultrapassou a capacidade de acomodar as pessoas que faleceram dentro do hospital. Estamos contratando um contêiner para poder colocar as vítimas”, declarou. “É um campo de guerra. Todo mundo sendo mobilizado no hospital, médicos, anestesistas, enfermeiros de todas as áreas. Nós estamos, realmente, com uma situação calamitosa”.
Além de afirmar que este é o ápice da gravidade da crise sanitária, Nasi explicou que o perfil dos internados mudou: há mais jovens do que na chamada “primeira onda”. Ainda segundo o médico, “o tempo de permanência na UTI e os recursos dispensados para melhorar a oxigenação dos pacientes foram multiplicados”.
Nesta terça-feira 2, o Rio Grande do Sul registrou o maior número de mortes por Covid-19 em 24 horas desde o início da pandemia. Foram 185 vítimas, de acordo com a Segundo a Secretaria Estadual da Saúde.
O estado também registrou lotação absoluta dos leitos disponíveis para UTI em toda a rede – são 2.815 pacientes em 2.818 leitos, segundo o Painel Coronavírus RS.
A secretária de Saúde Arita Bergmann anunciou, no final da tarde da segunda-feira 1, um investimento de 39 milhões de reais para o enfrentamento à pandemia no estado.
Bergmann também informou que o Rio Grande do Sul terá de pagar por cerca de 250 leitos habilitados pelo Ministério da Saúde em hospitais sob gestão estadual que não tiveram as habilitações renovadas para este ano. São leitos que funcionam há alguns meses sem custeio federal, em função da falta de renovação pelo ministério.
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