Saúde

‘Há uma visão global de que o Brasil está na mão de um genocida’, diz ex-ministro

Segundo Arthur Chioro, o drama de Manaus em dezembro era a ‘antecipação de um genocídio’; o País teve 3.829 mortes por Covid em 24 horas

O presidente Jair Bolsonaro. Foto: Alan Santos/PR
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O Brasil registrou 3.829 mortes por Covid-19 nas últimas 24 horas, segundo boletim divulgado na noite desta quarta-feira 7 pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde. O total de vítimas fatais da doença chegou a 340.776, com média móvel nos últimos sete dias de 2.752.

É o momento mais grave da pandemia no País, o qual poderia ter sido evitado se o governo de Jair Bolsonaro fosse capaz de analisar os sinais que vinham de dentro e de fora do Brasil. A avaliação é do ex-ministro da Saúde Arthur Chioro, que ocupou o cargo durante o governo da presidenta Dilma Rousseff.

“O que aconteceu no Amazonas em dezembro era uma certa tradução do que vinha para o resto do País. Ou seja, tivemos antecipação, seja com exemplo internacional ou com o que aconteceu no próprio Brasil, de que uma tragédia, um genocídio vinha a caminho”, disse Chioro em entrevista ao programa Direto da Redação, transmitido pelo canal?feature=oembed" frameborder="0" allowfullscreen> de CartaCapital no YouTube. “E continuamos tendo na postura do governo federal, do presidente Bolsonaro e do Ministério da Saúde, a mesma aposta na negação da vida, na irresponsabilidade, que foi não conseguir estabelecer um conjunto de medidas integradas com governos estaduais e municipais que pudessem convocar a sociedade brasileira para uma resposta”.

Faltam oxigênio, kits de intubação, medicamentos e equipes especializadas, porque as atuais estão estafadas

O ex-ministro também criticou a aprovação, pela Câmara dos Deputados, de uma proposta que amplia os caminhos para que a iniciativa privada compre vacinas contra a Covid-19. Segundo Chioro, “os gênios do Congresso” abrem mão de unir esforços e seguir o exemplo dos países que obtiveram sucesso. “É fundamental que o Estado regule essa oferta”.

“Não nos falta capacidade para vacinar. Basta colocar vacinas nos mais de 48 mil postos de vacinação que os trabalhadores do SUS resolvem. Por que não temos capacidade? Pela demora, pelo negacionismo do governo, pela sujeição à lógica econômica do [Paulo] Guedes. E essa atitude de gerar uma fila dupla me parece absurda. Primeiro, porque nenhum laboratório vai vender vacina. Nenhum laboratório tem prática de vender lotes com menos de cem mil vacinas. Imagine o empresário bater em uma indústria internacional e dizer que quer seis mil doses. Vai pagar um valor absurdo e não vai comprar vacina de nenhum laboratório sério”, afirmou.

Há uma visão global de que o Brasil está na mão de um genocida. Essa é a grande preocupação hoje do mundo. Não só de saúde global, mas do ponto de vista da economia, o Brasil se transformou no ponto de maior preocupação

Para Chioro, o Brasil precisa criar uma unidade nacional e conclamar a sociedade “a fazer um esforço no enfrentamento à Covid”.

“Temos que fazer com que a taxa de transmissão caia bruscamente. Podemos reproduzir o que diversos países fizeram quando a segunda onda chegou. Fazer lockdowns sérios, um grande investimento de busca ativa dos infectados e isolamento, ampliar a rede para proteger a vida das pessoas que têm manifestação grave da doença e ampliar o mais rápido possível a vacinação”.

Assista à íntegra da entrevista com Arthur Chioro:

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