Saúde
Governo distribui máscaras indevidas a profissionais que atuam na pandemia
O Ministério da Saúde foi alertado pela Anvisa e pelos estados, mas se recusou a recolher os produtos, diz jornal


O Ministério da Saúde distribuiu máscaras indevidas para os profissionais de saúde que atuam na linha de frente do combate à Covid-19.
Segundo revelou o jornal Folha de S.Paulo nesta quinta-feira 18, alguns estados se recusaram a receber os itens de proteção por não fornecerem a segurança necessária aos profissionais. A pasta, no entanto, recusou-se a substituir o material.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária havia elaborado um documento no dia 13 de janeiro em que apontou que as máscaras analisadas –chinesas, do tipo KN95– não eram indicadas para uso hospitalar.
O mesmo documento do gabinete da presidência da Anvisa afirma que o órgão recebeu diversas reclamações sobre a impropriedade dos itens, avisou o Ministério da Saúde sobre a necessidade de atender às especificações dos fabricantes e fez um alerta sobre “riscos adicionais” a que estão sujeitos profissionais e pacientes. Todavia, não foi suficiente para que o Ministério deixasse de enviar aos estados as máscaras indevidas.
A empresa responsável por vender os produtos ao governo é representada no Brasil por um executivo que atua no mercado de relógios de luxo suíços –é ele quem assina o contrato com o governo federal e já recebeu mais de 734 milhões de reais.
A posição da Anvisa foi enviada ao Ministério Público Federal em Brasília, que instaurou, em 3 de fevereiro, um inquérito civil para investigar a história.
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