Saúde

Cúpula do Ministério da Saúde pressiona órgãos a maquiar dados da covid-19, diz jornal

Mudança na divulgação de dados pode chegar até à ABIN

Cúpula do Ministério da Saúde pressiona órgãos a maquiar dados da covid-19, diz jornal
Cúpula do Ministério da Saúde pressiona órgãos a maquiar dados da covid-19, diz jornal
(Foto: Erasmo Salomão/MS)
Apoie Siga-nos no

Militares que ocupam postos chave no Ministério da Saúde pressionam técnicos da pasta a maquiar dados relativos a casos de covid-19 e mortos pela doença no país. A informação é do jornal Valor Econômico.

De acordo com a publicação, a pressão atinge também a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que produz relatórios usados para consumo interno do Centro de Coordenação de Operações (CCOP) da Casa Civil – grupo que atua no Palácio do Planalto e reúne funcionários de vários ministérios.

Segundo o jornal, a maquiagem deve sofrer mais retoques nesta semana, caso seja adotado um novo critério para exibição do número diário de mortes, sugerido por auxiliares do ministro Eduardo Pazuello – e que deve resultar em um número bem menor do que os atuais.

O novo método tem como referência a sugestão feita pelo empresário Luciano Hang, investigado pela Polícia Federal no inquérito das Fake News, em um vídeo encaminhado a eles pela cúpula da Saúde em um grupo de WhatsApp.

No vídeo, Hang promete fazer uma live com o deputado federal Osmar Terra (MDB-RS) para “mostrar o que está por trás dos números” recorde de mortes pela covid-19. Hang exibe, então, uma gráfico com dados de cartórios mostrando uma curva de óbito sem trajetória descendente. Assim, defende que o governo passe a publicar apenas as mortes confirmadas no mesmo dia. Segundo funcionários da Saúde, no entanto, a curva mostrada por Hang é descendente “porque os dados de mortes recentes são muito preliminares”.

Hoje, os números exibidos contêm as mortes registradas no mesmo dia e os óbitos confirmados naquela data, mas que ocorreram anteriormente e estavam sob investigação. Funcionários relatam que o coronel Elcio Franco Filho, secretário-executivo da pasta, tem insistido para que passem a ser divulgadas apenas as mortes ocorridas e confirmadas no mesmo dia.

Em nota, o Ministério afirmou que irá “o novo modelo de divulgação de informações sobre a covid-19 abordará o cenário atual da doença, com análise de casos e mortes por data de ocorrência, de forma regionalizada” e que os métodos de informação sobre a pandemia estão sendo aprimorados. No portal do governo, no entanto, não consta que o Brasil já registra 691.758 casos registrados da doença, com 36.455 mortes em todo o País.

ENTENDA MAIS SOBRE: ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo