Saúde
Fabricante do Ozempic pode estar lucrando ‘imensamente’ com o medicamento, sugere estudo
Pesquisadores apontam que o custo de produção do Ozempic gira em torno de 89 centavos de dólar a 4,73 dólar por mês; nos EUA, cada dose é vendida a 1.000 dólares
O Ozempic, droga para o tratamento da diabetes que ganhou função para a perda de peso, poderia ser fabricado por menos de US$ 5 mensais. É o que sugere um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Yale, do Hospital King’s College de Londres e do Médicos Sem Fronteiras.
Os pesquisadores apontam que o custo de produção do Ozempic gira em torno de 89 centavos de dólar a 4,73 dólar por mês, um cálculo que já inclui uma margem de lucro considerada ‘justa’. “A margem de lucro é imensa,” disse à Bloomberg Melissa Barber, uma economista em Yale e co-autora do estudo.
A parte mais cara na produção do Ozempic, ressaltam os pesquisadores, é a caneta injetora, que custa 2,83 dólares, enquanto o princípio ativo, apesar de seu alto preço por quilo (cerca de 70 mil dólares), é utilizado em quantidades mínimas por dose.
Nas farmácias dos Estados Unidos, uma dose mensal do Ozempic custa cerca de 1.000 dólares, sem descontos. Já no Brasil, a droga pode ser encontrada por cerca de 1.100 reais.
A dinamarquesa Novo Nordisk, dona das marcas Ozempic e Wegovy, não revela os custos reais de produção dos medicamentos, mas aponta maciços investimentos em pesquisa e desenvolvimento, que chegaram a quase 5 bilhões de dólares no último ano e devem aumentar. A empresa também reforça que expõe 75% de seu lucro bruto a descontos, já que o custo do Ozempic para o paciente final depende muito do tipo de plano de saúde que ele possui.
O valor das ações da Novo Nordisk duplicou nos últimos dois anos. A empresa ultrapassou a Nestlé e a controladora da Louis Vuitton, tornando-se a companhia mais valorizada da Europa. Hoje, seu valor de mercado é de 431 bilhões de dólares, superando o PIB da Dinamarca, país onde foi fundada, que é de 395 bilhões de dólares.
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