Em resposta à fala de Bolsonaro, que minimizou os efeitos do coronavírus e se posicionou contra a quarentena, sete ex-ministros da Saúde divulgaram um manifesto contra a atitude do presidente, classificada como “irresponsável” e “desrespeitosa”.
“Preocupado em atender interesses estritamente econômicos, [Bolsonaro] propõe uma dicotomia entre o enfrentamento da crise na saúde e na economia. Os países que têm conseguido os melhores resultados são aqueles que fizeram o isolamento social, garantiram o atendimento à saúde da população e tomaram medidas para manter a renda e ativar a economia. Não há, portanto, dicotomia entre manter a atividade econômica e salvar vidas”, diz a carta, divulgada nesta quinta-feira 26.
Os ex-chefes da pasta também criticaram o isolamento vertical, que foi proposto por Bolsonaro e é restrito apenas à população idosa e com comorbidades. “Tal postura, além de desmobilizar a população que vem fazendo sua parte, seguindo as orientações da OMS, do próprio Ministério da Saúde, dos governadores, prefeitos, imprensa e líderes do parlamento, fere também, de maneira irreconciliável, ao pacto federativo e a autonomia de seus entes”, argumentam.
Na carta, o grupo afirma que vai recorrer à Organização Mundial da Saúde (OMS) e à Organização das Nações Unidas (ONU) para tentar barrar as atitudes do presidente. “Temos compromisso de nos engajarmos no esforço da sociedade brasileira na proteção de nossa população, independentemente de sua condição econômica e social e de sua faixa etária. Nosso dever é preservar a vida de nossos cidadãos”, concluem.
O manifesto foi assinado por Marcelo Castro, Arthur Chioro, Alexandre Padilha (ministros do governo Dilma), José Gomes Temporão, José Agnor da Silva, José Saraiva Felipe e Humberto Costa (ministros do governo Lula).
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