Saúde

Estudo reafirma ausência de vínculo entre consumo de paracetamol na gravidez e autismo

A publicação desmente a afirmação do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump

Estudo reafirma ausência de vínculo entre consumo de paracetamol na gravidez e autismo
Estudo reafirma ausência de vínculo entre consumo de paracetamol na gravidez e autismo
Foto: Free-Photos / Creative Commons / Pixabay
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Nada permite estabelecer um vínculo entre o consumo de paracetamol durante a gravidez e o surgimento de transtornos do espectro autista em crianças, concluiu um amplo estudo publicado nesta segunda-feira 10 na revista britânica BMJ.

A publicação desmente a afirmação do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que assegurou a existência de um vínculo entre paracetamol e autismo, sem apresentar evidências científicas.

“Os dados atualmente disponíveis são insuficientes para confirmar um vínculo entre a exposição ao paracetamol no útero e o autismo, assim como o transtorno de déficit de atenção com hiperatividade durante a infância”, concluiu o estudo.

A comunidade científica denunciou as afirmações de Trump, que pediu às mulheres grávidas que não tomassem paracetamol.

O medicamento, conhecido também pelas marcas Panadol ou Tylenol, é o analgésico de escolha para mulheres grávidas, ao contrário da aspirina ou do ibuprofeno, que apresentam riscos comprovados para o feto.

Após as declarações de Trump, a Organização Mundial da Saúde (OMS) insistiu na ausência de um vínculo comprovado entre o medicamento e o autismo.

O estudo publicado nesta segunda-feira reforça o consenso.

O artigo da BMJ não é baseado em novas pesquisas, mas oferece o panorama mais completo e preciso até o momento sobre o estado do conhecimento do tema.

Trata-se de uma “revisão guarda-chuva”, um trabalho que compila outros estudos que, por sua vez, tentaram fazer um balanço do conhecimento sobre este tema.

Vários estudos sugeriram um possível vínculo entre o paracetamol e o autismo, mas sua qualidade é “baixa” ou “extremamente baixa”, segundo os autores do estudo publicado na BMJ. Na maioria das vezes não tomam precauções suficientes para excluir outros fatores, como as predisposições genéticas ou problemas de saúde da mãe.

Estes estudos, portanto, não oferecem muitos indícios sobre os verdadeiros mecanismos de causa e efeito. Não permitem distinguir o que provém diretamente do uso de paracetamol e, por exemplo, das patologias que levaram a futura mãe a tomar um tratamento contra a febre ou a dor.

As observações fazem referência, em particular, a um estudo publicado em 2025 na revista Environmental Health e frequentemente citado pelo governo Trump.

O estudo constatou uma correlação entre o consumo de paracetamol pela mãe e transtornos do espectro autista na criança, mas alertava, ao mesmo tempo, que não era possível concluir a existência de um mecanismo de causa e efeito.

Vários especialistas elogiaram o estudo da BMJ. “É baseado em uma metodologia de alta qualidade que confirma o que especialistas repetem em todo o mundo”, opinou Dimitrios Sassiakos, professor de Obstetrícia na University College London, em um comentário ao Science Media Center britânico.

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