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Estudo aponta que 20% dos infectados por coronavírus não apresentam sintomas
Pesquisa foi realizada em um dos principais focos da pandemia na Alemanha


Uma em cada cinco pessoas infectadas com o novo coronavírus não apresenta sintomas, revela um estudo realizado em um dos principais focos da pandemia na Alemanha e divulgado nesta segunda-feira 4.
Uma equipe de pesquisadores da Universidade de Bonn realizou um estudo sobre os doentes registrados em Gangelt, uma cidade de cerca de 11.000 habitantes, localizada no distrito de Heinsberg, um dos principais focos alemães, após a participação no carnaval de um casal contaminado.
O estudo, com base em entrevistas e análises de 919 pessoas, de 405 domicílios, permite determinar com precisão a taxa de letalidade da infecção.
Em Gangelt, cerca de 15% da população foi contaminada e a taxa de mortalidade entre esses pacientes foi de 0,37%.
“Se extrapolarmos esse número para as quase 6.700 mortes associadas à COVID-19 na Alemanha, o número total de pessoas infectadas seria estimado em cerca de 1,8 milhão”, segundo o estudo, ou seja, um número “10 vezes maior que o total” de casos oficialmente notificados.
“Em Gangelt, 22% das pessoas infectadas não apresentavam sintomas”, revela o estudo.
“O fato de aparentemente uma infecção em cada cinco ocorrer sem sintomas visíveis da doença sugere que as pessoas infectadas, que secretam o vírus e, portanto, podem infectar outras pessoas, não podem ser identificadas com base em sintomas reconhecíveis da doença”, diz o professor Martin Exner, co-autor do estudo.
Esse aspecto confirma, segundo ele, a importância das regras gerais de distanciamento social e higiene.
“Qualquer pessoa que esteja em boas condições de saúde pode ser portadora do vírus sem sabê-lo. Precisamos estar cientes disso e agir em conformidade”, aconselha o pesquisador, quando a Alemanha começa um desconfinamento progressivo.
A maioria das pessoas contaminadas em Heinsberg apresentou sintomas, mais do que outros pacientes que não participaram do carnaval.
O estudo também afirma que as infecções dentro de uma mesma família são bastante baixas e que, de maneira geral, a taxa de infecção parece “muito semelhante entre crianças, adultos e idosos, e aparentemente não depende da idade” nem de sexo.
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