Saúde

Especialistas rebatem ideia que variante Ômicron comprometa vacinação contra Covid

Médicos e cientistas insistem na importância da dose de reforço como principal medida nesta nova fase da pandemia

Foto: Lionel BONAVENTURE / AFP
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A imprensa francesa traz nesta quinta-feira 2 opiniões e análises de especialistas sobre a eficácia das vacinas existentes contra a nova cepa do coronavírus identificada por cientistas da África do Sul. Médicos e cientistas insistem na importância da dose de reforço como principal medida nesta nova fase da pandemia de Covid-19.

“A terceira dose deve oferecer uma proteção diante da variante Ômicron”, diz a manchete do jornal Le Figaro. Especialistas entrevistados pelo diário afirmam que a possível diminuição do efeito dos atuais imunizantes ainda deve ser confirmada, mas tudo indica que ela seria parcial.

Le Figaro lembra que, no início da semana, as declarações do diretor-executivo da Moderna, Stéphane Bancel, prevendo uma “perda significativa” na eficácia dos atuais imunizantes ante a Ômicron, geraram pânico em todo o mundo. No entanto, suas afirmações foram rebatidas por especialistas, inclusive por Ugur Sahin, cofundador da BioNTech, empresa alemã que desenvolveu uma das vacinas mais eficazes contra a Covid-19 junto com o laboratório americano Pfizer. Sahin declarou não estar particularmente preocupado com a queda de eficácia dos imunizantes, mas com a grande quantidade de pessoas que ainda não se vacinaram.

Entrevistado pelo jornal Le Figaro, Jean-Daniel Lelièvre, chefe do serviço de doenças infecciosas do hospital Henri Mondor, na periferia de Paris, afirma que a redução no efeito das vacinas anticovid é um fenômeno já observado com outras variantes do vírus, como a beta, por exemplo. Mas, segundo ele, isso não indica que os imunizantes deixaram de funcionar. Para Lelièvre, o mais importante neste momento é que a terceira dose tem proporcionado um forte aumento dos anticorpos, seja diante da cepa original do coronavírus ou das linhagens que surgiram depois.

“Essa resposta complementar permite manter uma boa proteção contra as formas graves da doença e mortes”, garante Brigitte Autran, membro do comitê científico de orientação da estratégia vacinal no território francês. A especialista lembra que ainda não é certo que a ômicron se tornará dominante na Europa, como é o caso da delta atualmente. Segundo ela, se o fenômeno se confirmar, haverá tempo para que as empresas farmacêuticas adaptem seus produtos.

Terceira dose

O jornal Libération destaca as declarações de Jean-François Delfraissy, presidente do conselho científico que assessora o governo na gestão da pandemia. Segundo ele, não há nenhuma “solução milagrosa” para barrar a propagação da variante Ômicron e é preciso vacinar a população com os imunizantes disponíveis.

O especialista é contra estabelecer uma obrigatoriedade vacinal para toda a população. Na França, a imunização compulsória é exigida apenas para profissionais da saúde. Mas, segundo Delfraissy, para convencer os cerca de 6,5 milhões de franceses reticentes, o melhor é insistir no apelo em prol da responsabilidade – estratégia atualmente adotada pelo governo de Emmanuel Macron, observa o jornal Libération. Por isso, o governo francês aposta na dose de reforço.

Com uma das maiores taxas de vacinação da Europa – 88,2% da população francesa acima de 12 anos está completamente imunizada contra a Covid-19 –, a abertura da terceira dose para todas as faixas etárias traz resultados, afirma o jornal Le Parisien.

Os franceses atenderam ao pedido das autoridades sanitárias. A procura foi tão grande que os sites de reserva de horários para a vacinação chegaram a ficar indisponíveis durante algumas horas nos últimos dias. Le Parisien destaca que os centros de vacinação têm registrado filas de espera, devido à forte adesão da população à dose de reforço. O governo pretende abrir cerca de 300 novos locais para dar conta da demanda.

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