Saúde

Doria: Com vacina aprovada, 15 milhões serão aplicadas em dezembro

A Coronavac, desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac em conjunto com o Instituto Butantan, está na 3ª e última fase de testes

Governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Foto: Governo de SP.
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O governador João Doria (PSDB) afirmou na terça-feira 11 em entrevista à CNN Brasil que, caso a Coronavac seja aprovada, o estado terá 15 milhões de doses disponíveis até dezembro no Sistema Único de Saúde (SUS).

A vacina, desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac em conjunto com o Instituto Butantan, está na terceira e última fase de testes clínicos.

“A partir de dezembro ficam prontas e haverá o primeiro lote já em dezembro, desde que tenhamos todas as etapas de testagem superadas e com sucesso, tenho que fazer essa ressalva, é para isso que existem”, disse.

“Se tudo correr bem, em dezembro, mediante aprovação da Anvisa, nós já garantimos 15 milhões de doses para aplicação”, continuou.

O governador também desejou sucesso à vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford em parceria com a Astrazeneca e testada no Brasil em parceria com a Fiocruz.

“Não estamos fazendo corrida pela vacina, nossa corrida é pela vida”, afirmou.

“É um privilégio o Brasil ter duas vacinas para imunização dos brasileiros”, reforçou o tucano.

Doria, no entanto, falou em “cautela” ao se referir à vacina russa Sputnik V contra a covid-19.

“Nós já tínhamos um entendimento formalizado desde maio com a Sinovac, não faria sentido avançar em uma segunda vacina”, declarou. “Recebemos uma cópia do relatório inicial da OMS [Organização Mundial da Saúde], recomendando cautela em relação à vacina russa. Isso significa atenção redrobrada”.

“Fora da Rússia, muito dificilmente essa vacina será aceita”

Sobre a Sputnik V, o médico sanitarista e professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP-USP) Gonzalo Vecina Neto pondera que “um medicamento é utilizado para tratar pessoas doentes. Uma vacina é utilizada em pessoas sãs. Então os cuidados para se aprovar uma vacina são muito mais exigentes do que aqueles para aprovar um medicamento. Um dos cuidados fundamentais é que os dados produzidos sobre investigações têm que ser colocados à disposição da comunidade científica para serem criticados. No caso da vacina da Rússia, nenhum desses cuidados foi tomado”.

Para ele, “fora da Rússia, muito dificilmente essa vacina será aceita. Nós sabemos qual o risco de se morrer de Covid, mas não sabemos qual o risco de se morrer de uma vacina cujo grau de segurança e eficácia desconhecemos”.

Fases da vacina

A produção de uma vacina segue as seguintes etapas:

  • 1a fase: avaliação preliminar da segurança do imunizante, feita com número reduzido de voluntários. Com ela, entende-se qual é o tipo de resposta que o imunizante produz no corpo. Ela é aplicada em dezenas de participantes do experimento.
  • 2a fase: estudo clínico ampliado, conta com centenas de voluntários. A vacina é administrada a pessoas com características (como idade e saúde física) semelhantes àquelas para as quais a nova vacina é destinada. Nessa fase, é avaliada a segurança da vacina, imunogenicidade (ou a capacidade da proteção), a dosagem e como ela deve ser administrada.
  • 3a fase: ensaio em larga escala, com milhares de indivíduos. É preciso fornecer uma avaliação definitiva da sua eficácia e segurança em populações maiores. Além disso, feita para prever eventos adversos e garantir a durabilidade da proteção. Apenas depois dessa fase é que se pode fazer um registro sanitário.

OMS pede cautela

No dia em que a Rússia anunciou a produção de uma vacina para combater o coronavírus, a OMS afirmou que precisaria acessar os dados da pesquisa do Instituto Gamelaya para avalizar a eficácia e segurança da mesma, mas que o país poderia registrar o imunizante mesmo sem o aval da entidade.

Pelo último registro da OMS, do dia 31 de julho, os russos ainda estariam na fase 1 do desenvolvimento, e seria preciso completar a fase 3 para ter certeza de que ela pode ser administrada na população sem riscos à saúde.

Acordo Rússia e Paraná

O governo do Paraná pode fechar um acordo de produção de vacina contra o coronavírus com a Rússia nesta quarta-feira 12.

O governador Ratinho Jr. (PSD) irá se encontrar com o embaixador russo Sergey Akopov para discutir os termos de compartilhamento de tecnologia da Sputnik V.

Em nota, o governo do Paraná afirmou que “está em tratativas com a Embaixada da Rússia no Brasil para participar do desenvolvimento de uma vacina contra a covid-19” e que, no momento, “as negociações prosseguem entre as partes”.

“O encontro é para definir os termos de um possível acordo entre as partes. O Governo do Estado reforça que o Instituto Tecnológico do Paraná (Tecpar) é um órgão com capacidade técnica para participar do processo.”, diz a nota.

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