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Covid-19: governo francês pagará 100% dos salários do turismo e eventos

País precisa de uma economia sólida para fazer frente ao desafio sanitário, diz ministro

O presidente da França, Emmanuel Macron. Foto: Ludovic MARIN/POOL/AFP
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Numa entrevista conjunta nesta quinta-feira 8, os ministros da Saúde e das Finanças da França prometeram facilitar o acesso à ajuda financeira para empresas em situação difícil por conta da Covid-19. Eles também anunciaram novas restrições para frear a epidemia, que continua a progredir no país.

O titular da pasta da Saúde, Olivier Véran, fez um balanço da situação dos contágios, antes de destacar que “o país precisa de uma economia sólida para fazer frente ao desafio sanitário”. De acordo com o ministro, “a situação continua a se degradar, como em muitos outros países vizinhos”, com “cada vez mais contaminados, mais doentes e mais pessoas que desenvolvem formas graves da doença, o que tem impacto na rede hospitalar”.

Atualmente, a taxa de incidência da Covid-19 na França é de 116 pacientes para cada 100 mil pessoas. Já o fator de reprodução do vírus, que chegou a 3 na auge da pandemia, se encontra em 1,2. Isso significa que uma pessoa doente pode contaminar 1,2 pessoa.

Já a taxa de testes positivos, que chega a 9%, é bem mais elevada do que à época do fim do confinamento, em maio, quando estava em 1%.

Novas cidades em alerta máximo

“A situação piorou em várias metrópoles nos últimos dias”, declarou Olivier Véran, informando que algumas delas “passariam para um nível de alerta mais elevado”.

Em razão dos últimos resultados, as cidades de Lille, Lyon, Grenoble e Saint-Etienne, onde “a incidência de casos excedeu o limite de alerta de 250 novos diagnósticos por 100.000 habitantes e mais de 30% dos leitos de reanimação ocupados por pacientes Covid,” vão passar ao estágio de alerta máximo, a partir de “sábado (10) de manhã”.

Já a situação em Toulouse e Montpellier será examinada nos próximos dias e o governo deu prazo, até segunda-feira de manhã, para eventualmente tomar a mesma decisão, acrescentou o ministro. Os prefeitos foram recebidos pelo primeiro-ministro francês, Jean Castex, que os alertou sobre as mudanças.

Esta classificação de alerta máximo já é válida para o eixo Aix-Marselha, no sul do país, a capital Paris e Guadalupe, no Caribe, onde foi preciso tomar medidas sanitárias reforçadas, como o fechamento de bares e restaurantes, dependendo das barreiras sanitárias colocadas em prática.

“Infelizmente, a situação de saúde continua a piorar na França”, insistiu Véran, destacando, contudo, uma melhora significativa em cidades como Nice e Bordeaux. O ministro da Saúde ainda pediu que todos os franceses se sintam responsáveis pelo combate à Covid-19. “Cada francês pode agir e ser vigilante, permanentemente, usando máscaras, especialmente no trabalho e nos transportes”, reiterou.

Olivier Véran também alertou que muitas contaminações acontecem no ambiente familiar. “Muitas vezes, são os jovens, assintomáticos, que se contaminaram em bares ou encontros festivos, que passam o vírus aos mais vulneráveis”, afirmou.

Na capital, Paris, as autoridades lançaram um plano hospitalar de emergência, reprogramando ou mesmo cancelando cirurgias não urgentes.

Mais dinheiro para salvar a economia

O governo francês também decidiu expandir e fortalecer o Fundo de Solidariedade criado para ajudar empresas expostas às consequências da crise sanitárias, abrindo a linha de crédito para novos setores e reduzindo os requisitos de elegibilidade para se beneficiar dessa verba, conforme anunciou o ministro da Economia e Finanças, Bruno Le Maire.

O dispositivo colocado em prática no mês de julho, e que vinha sendo usado principalmente para os ramos do turismo, eventos, cultura e esporte, agora vai incluir novas atividades como floristas, designers gráficos, livreiros ou mesmo lavanderias. Ao todo, 75.000 novas empresas poderão se beneficiar desse fundo, que antes era reservado a empregadores com menos de 20 funcionários e agora será estendido a companhias de até 50 assalariados.

Antes, os recursos eram destinados a empresas que foram obrigadas a fechar ou perderam 80% do seu faturamento. Agora, a perda de 70% da receita já permite usufruir dessa modalidade de ajuda.

Além disso, o governo vai pagar integralmente os salários dos profissionais parados em áreas como turismo e eventos, prejudicados pela crise sanitária. Antes, o Estado francês se responsabilizava por 85% desses pagamentos.

Bruno Le Maire ainda falou sobre o plano de retomada da economia francesa e insistiu na necessidade de preparar o futuro. “Os investimentos de hoje criarão os empregos do futuro e poderão acelerar a transição ecológica”, afirmou. “Devemos conjugar a luta contra o vírus e a retomada da economia. O vírus não vai desaparecer de um dia para o outro, mas temos de trabalhar, produzir e preparar a economia francesa do amanhã. E nós conseguiremos, pois a França tem todos os recursos para enfrentar a crise e sair mais forte”, concluiu Le Maire.

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