Mundo
Cloroquina contra Covid matou quase 17 mil pessoas em 7 países, aponta estudo; Brasil ficou de fora
‘Esses números provavelmente representam apenas a ponta do iceberg’, afirmam os pesquisadores


Originalmente indicada para tratamento de malária, o uso da cloroquina contra a Covid-19 resultou em um aumento da mortalidade de pacientes no mundo todo. É o que mostra um estudo publicado na revista Biomédicine et Pharmacotherapy na terça-feira 02.
O levantamento realizado por pesquisadores de Lyon, na França e do Canadá, estima que apenas em sete países, 16.990 pessoas morreram em consequência do uso da cloroquina durante a primeira onda de Covid-19.
Segundo a pesquisa:
- Estados Unidos teve 12.739 mortes no período;
- Espanha com 1895;
- Itália com 1822;
- Bélgica com 240;
- França com 199 e;
- Turquia com 95 mortes.
O estudo não incluiu dados de dois outros países que, juntamente com os Estados Unidos, registraram o maior número de mortes por Covid-19 no mundo. O Brasil, com 630 mil vítimas fatais, e a Índia, que ocupa o terceiro lugar em número de mortes, aproximadamente 500 mil, não foram considerados no cálculo.
“Esses números provavelmente representam apenas a ponta do iceberg, subestimando amplamente o número de mortes relacionadas à hidroxicloroquina em todo o mundo”, ressalta a pesquisa.
Originalmente usado no tratamento da malária, o medicamento, quando aplicado em pacientes com Covid-19, causou problemas cardíacos e não cardíacos, conforme demonstrado pelo estudo.
Os pesquisadores, entre março e julho de 2020, investigaram o crescimento na taxa de mortalidade de pacientes tratados com cloroquina. Eles basearam suas análises em três aspectos: o total de pacientes hospitalizados com Covid-19, a respectiva taxa de mortalidade desses pacientes e a frequência com que a cloroquina foi prescrita.
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