Saúde

Cenário é de piora da pandemia nas próximas semanas, alerta Fiocruz

Mantidas as atuais tendências de circulação do vírus, o País pode ter, na próxima semana, em torno de 2,2 mil mortes por dia

Foto: EBC
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O novo boletim do Observatório Covid-19 da Fiocruz, publicado nesta quarta-feira 26, alerta para um recrudescimento da pandemia nas próximas semanas. O grupo constatou um aumento na incidência de novos casos da doença na semana epidemiológica de 16 a 22 de maio. Houve um crescimento de 0,7% na média de casos diários, o que representa cerca de 62 mil novos diagnósticos positivos a cada dia.

 

Segundo a fundação, os altos índices, que demonstram a circulação intensa do vírus e o risco de novas infecções, podem levar a uma nova sobrecarga nos sistema de saúde.

O boletim afirma que o aumento no número de casos costuma ser seguido, duas semanas depois, pela elevação no número de óbitos por Covid-19. A projeção da Fiocruz é de que, mantidas as atuais tendências de circulação do vírus, o País contabilize, na próxima semana, em torno de 2,2 mil óbitos por dia – de 2 mil a 2,4 mil, considerando a margem de erro da projeção.

A análise também faz uma observação sobre as taxas de letalidade, que apresentavam queda desde abril, quando estavam próximas  a 4,5%, mas agora se apresentam em estabilidade de 3%, o que aponta dificuldades nos serviços de saúde para realizar a testagem necessária ou ofertar o tratamento hospitalar adequado para os casos mais graves.

Outro fator que reforça o risco de piora da pandemia é a ocupação de leitos de UTI em todo o País. O movimento reconhecido entre os dias 17 e 24 de maio foi de aumento ou estabilidade, pondo fim à queda observada até o dia 10 deste mês.

O documento sugere a combinação de diferentes medidas para evitar o agravamento da pandemia e um novo colapso dos sistemas de saúde. Neste sentido, cobra liderança do governo federal para a adoção de medidas não farmacológicas, incluindo lockdown, em localidades em que haja crescimento dos casos e a taxa de ocupação de leitos de UTI esteja acima dos 80%. A fundação também pede a realização de campanhas de esclarecimento contra a negação de evidências científicas.

A ocupação de leitos de UTI por região

O boletim aponta situação preocupante no Nordeste, com Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Sergipe permanecendo com taxas de ocupação relativamente estáveis, mas em níveis superiores a 90%.

No Sudeste, somente o Espírito Santo permaneceu na zona de alerta intermediário, embora tenha atingido taxa de ocupação de 79%. Por outro lado, o indicador sofreu variação pequena em São Paulo, mas suficiente para que o estado cruzasse a linha entre as zonas de alerta intermediário e crítico, juntando-se a Minas Gerais e ao Rio de Janeiro, em patamar pouco superior a 80%.

No Sul, os índices de ocupação de leitos de UTI Covid-19 para adultos no SUS se mantiveram nos níveis muito críticos no Paraná e em Santa Catarina, com 96% e 95%, respectivamente. No Rio Grande do Sul, o indicador persistiu na tendência de crescimento, chegando a 79%, ainda na zona de alerta intermediário.

 

No Centro-Oeste, os três estados e o Distrito Federal apresentaram pioras no indicador, com todos na zona de alerta crítico. Em Mato Grosso do Sul, o indicador voltou a atingir quase 100%, e no Distrito Federal chegou a 96%, mas com a observação de muitos leitos bloqueados. Mato Grosso (de 80% para 87%) e Goiás (de 79% para 84%) tiveram elevações no indicador, distanciando-se da zona de alerta intermediário.

A Região Norte é a única que ainda apresentou pequenas melhoras no indicador, em Rondônia (de 83% para 79%) e no Tocantins (de 89% para 86%).

Ainda de acordo com o boletim, dez capitais estão com taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 iguais ou superiores a 90%: São Luís (95%), Teresina (estimado em torno de 95%), Fortaleza (92%), Natal (96%), Maceió (91%), Aracaju (99%), Rio de Janeiro (93%), Curitiba (96%), Campo Grande (97%) e Brasília (96%).

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