Saúde

“Carrego um coração artificial”: deputado francês fala das sequelas da Covid para defender vacinação obrigatória

Em decorrência da doença e de um longo período de internação, ele carrega ainda hoje sequelas severas da Covid

O deputado francês Raphaël Gérard mostra o coração artificial que usa desde que ficou internado devido à Covid-19 © Reprodução/LCP
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O testemunho dado por um deputado na Assembleia Nacional na segunda-feira (3) chamou a atenção da França. Durante os debates sobre um projeto de lei que pretende exigir a vacinação contra a Covid para diversas atividades no país, o político de 53 anos que usa hoje um coração artificial como sequela da Covid se enfureceu contra quem considera a vacinação como uma questão de liberdade.

“A liberdade é um conjunto de deveres e de direitos, um equilíbrio justo. Minha liberdade, vejam, hoje é esta aqui. São 30 centímetros de cabos e três quilos de material que eu carrego 24h por dia até o final da minha vida”, discursou Raphaël Gérard, mostrando a bolsa colada ao corpo em que leva seu coração.

“Esta é a realidade, é a minha e a de dezenas de milhares de pessoas neste país cujas vidas foram viradas de cabeça para baixo por causa de uma pandemia”, afirmou, em resposta aos deputados que questionam a exigência da vacinação para a entrada em cafés, restaurantes ou trens de média e longa distância.

O representante governista (República em Marcha) foi vítima da Covid no início da pandemia, descobriu ter contraído o coronavírus em 10 de março de 2020. Dois dias mais tarde, ele estava internado em uma UTI.

Em decorrência da doença e de um longo período de internação, ele carrega ainda hoje sequelas severas da Covid no seu sistema respiratório e cardiovascular.

Hoje, ele carrega “um coração artificial que me permite retomar minhas atividades de maneira quase normal”, explicou o deputado em entrevista à emissora BFMTV nesta terça-feira (4). O coração artificial colocado dentro do seu peito ajuda a bombear o sangue, mas precisa estar ligado a uma bateria, que ele leva dentro de uma bolsa ligada a ele por cabos.

Pacientes na UTI são não vacinados e imunodeprimidos

Diante da Assembleia Nacional, Gérard lembrou que milhares de pessoas que convivem com as sequelas da Covid tornaram-se mais frágeis e correm risco diante de novas ondas da epidemia no país.

“Quando olhamos quem está hoje na UTI, temos uma parte importante de não vacinados, 80%, e 20% de gente frágil que, como eu, não têm vontade de reviver isso”, desabafou.

Em referência aos críticos do uso obrigatório da máscara, ele afirmou: “todo dia que eu saio às ruas ou que eu pego um trem, eu não me pergunto se vou ou não poder comer amendoins enquanto viajo [por causa da máscara], eu me pergunto se sairei são e salvo daquele trem ou se voltarei novamente àquele inferno. É esta a realidade, é isto que deveríamos estar discutindo”, bradou o deputado.

Recentemente o consumo de comida foi proibido dentro do transporte público na França para reduzir as possibilidades de contaminação pela nova cepa do coronavírus, a ômicron. O país tem registrado cerca de 200 mil novos casos diários de Covid.

Passaporte vacinal

O governo de Emmanuel Macron pretende aprovar no Parlamento um projeto de lei que obriga a adoção de um passaporte vacinal para a entrada em locais de lazer, como restaurantes ou cinemas, de esporte, como academias ou estádios, e também trens e mesmo hospitais.

Atualmente, esses locais aceitam, além do comprovante de vacinação, um teste negativo para a Covid. O passaporte vacinal seria uma medida a mais para impor a imunização dos cerca de 5 milhões de franceses que ainda não tomaram nenhuma injeção anticovid.

O projeto de lei está em discussão na Assembleia Nacional novamente nesta terça-feira. O governo espera que a lei possa entrar em vigor até o dia 15 de janeiro.

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