Brasil tem maior alta de internações por síndrome respiratória dos últimos dez anos

Pesquisadores da Fiocruz atrelam o cenário à covid-19 e à rápida velocidade de disseminação do vírus

Foto: EBC

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O Brasil teve um aumento expressivo nas internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) este ano em comparação com a média dos últimos dez anos, é o que aponta um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Até o dia 4 de abril, o país teve 33,5 mil internações por SRAG, muito acima da média desde 2010, de 3,9 mil casos. Mesmo em 2016, quando houve um surto de H1N1, foram registrados 10,4 mil casos no mesmo período do ano.

O cenário, segundo a pesquisa, está associado ao aumento de hospitalizações em decorrência da covid-19 e à velocidade de disseminação do vírus, maior do que nos anos anteriores. A fundação também reconhece que passou a receber um número maior de notificações de hospitais privados e não descarta a subnotificação dos casos da covid-19. Há uma parcela de internações em investigação para checar se há confirmação para o coronavírus.

Para os pesquisadores, há três motivos que apontam o Sars-Cov-2 como o responsável pelo expressivo crescimento dos casos: aumento das internações fora da época; idosos como os mais afetados e percentual de testes negativos para outras gripes mais alto. Neste ano, o rápido aumento das internações por problemas respiratórios aconteceu em uma época em que normalmente não há muitos casos. O normal é que os casos comecem a aumentar junto com o frio, no fim do outono e início do inverno.

 

Ainda há a preocupação que a situação se agrave no inverno, quando os outros vírus começam a causar internações por SRAG, o que pode causar uma sobrecarga ainda maior ao sistema de saúde.

O estudo também nota uma mudança de perfil nos pacientes. As gripes comuns, registradas nos anos anteriores, afetavam principalmente crianças, com menos de 2 anos. Já os casos novos são predominantemente de idosos e pessoas com comorbidades, como diabetes, uma característica da covid-19. Das internações por SRAG em 2020, 36% foram de idosos, com mais de 60 anos. Já os pacientes com menos de 2 anos responderam por apenas 10% dos casos.


Outro dado que chamou a atenção dos pesquisadores da Fiocruz foi o grande número de testes negativos para outras gripes, como Influenza A, o tipo mais comum. O índice chegou a 91%. Segundo os especialistas, isso indica que o motivo da SRAG é outra doença, nova. Além disso, não há testes disponíveis de covid-19 para todos os pacientes. E mesmo entre os que foram testados, muitos ainda aguardam o resultado.

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