Saúde

Brasil tem a maior média de mortes por Covid-19 desde o início da pandemia

Enquanto isso, a vacinação segue a passos lentos, alcançando apenas 3,09% da população com pelo menos a primeira dose

Brasil tem a maior média de mortes por Covid-19 desde o início da pandemia
Brasil tem a maior média de mortes por Covid-19 desde o início da pandemia
O centro de São Paulo no início de janeiro de 2021. Foto: Paulo Pinto/Fotos Publicas
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A média móvel de mortes por Covid-19 no Brasil nos últimos sete dias é a maior desde o início da pandemia, segundo o consórcio de veículos jornalísticos que monitora os dados fornecidos pelas secretarias estaduais de Saúde.

Com a atualização feita no sábado 27, a média móvel chegou a 1.180, superando o recorde registrado na última quinta-feira, quando era de 1.150. A média móvel de novos casos confirmados é de 52.910. Na comparação com 14 dias atrás, a média móvel de óbitos é 7% maior e a de casos, 19%.

Enquanto isso, segundo o consórcio, a vacinação segue a passos lentos, alcançando apenas 3,09% da população com pelo menos a primeira dose. A segunda dose chegou a somente 0,91% dos brasileiros.

Apesar de o País ter apresentado uma queda nos registros entre setembro e novembro do ano passado, o médico infectologista José David Urbaéz, da Sociedade Brasileira de Infectologia em Brasília, pondera em contato com CartaCapital que “nunca tivemos um controle verdadeiro da pandemia, tolerando ‘nos melhores dias’ 400 mortes por dia e 15 a 20 mil casos.”

Neste momento, segundo o especialista, “a população é incitada a se movimentar para além das suas atividades laborais, a partir do estimulo contínuo e permanente que a atividade econômica induz (viagens de férias, jantares em restaurantes, academias, reuniões e comemorações em bares).” Ele ressalta a importância de “massivas campanhas de comunicação.”

Urbaéz ainda destaca que o fim do auxílio emergencial fez com que muitas pessoas passassem a se deslocar pelas cidades em busca de subsistência, o que contribui com a propagação do vírus. “Se não houver medidas intensas de restrição à circulação das pessoas, com o auxílio emergencial, a perspectiva é sombria.”

No sábado 27, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), usou as redes sociais para chamar todos os governadores a participar da formulação do Orçamento Geral da União, em busca de soluções para reduzir os efeitos da crise sanitária e econômica.

“Neste momento em que inúmeros governadores estão tendo que tomar a difícil decisão do lockdown, é hora de contribuir, buscando novas alternativas e novas vias legais para, juntos, mitigarmos essa crise”, afirmou o presidente da Câmara.

“Também ouvirei os governadores sobre sugestões legislativas emergenciais para tramitarem em caráter de urgência que possam ser adotadas, respeitando o teto fiscal, com o objetivo de enfrentar os efeitos da Covid-19”, completou.

Enquanto isso, o presidente Jair Bolsonaro segue em sua ofensiva contra os governadores que têm de impor medidas de restrição para tentar enfrentar o avanço da pandemia.

Na sexta-feira 26, durante viagem ao Ceará, Bolsonaro afirmou que “o auxílio emergencial vem por mais alguns meses e, daqui para frente, o governador que fechar seu estado, o governador que destrói emprego, ele é quem deve bancar o auxílio emergencial”. Segundo ele, “não pode continuar fazendo política e jogar para o colo do presidente da República essa responsabilidade.”

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