Brasil atingiu platô, mas vírus “tomou controle” no país, diz especialista da OMS

'Os casos e mortes continuam a acontecer. E não há maneira de garantir que a queda vai ocorrer por si', disse Michael Ryan

Michael Ryan, diretor-executivo do programa de emergências da Organização Mundial da Saúde (OMS) (Foto: Christopher Black/OMS)

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A epidemia do novo coronavírus atingiu um “platô” no Brasil, informou nesta sexta-feira 17 a Organização Mundial da Saúde (OMS), instando o país a aproveitar a oportunidade para controlar as infecções.

“O aumento de casos no Brasil não é mais exponencial, atingiu um platô”, disse o responsável de emergências sanitárias da OMS, Michael Ryan, em uma entrevista coletiva virtual.

Mesmo assim, acrescenta Ryan, este não é um momento de comemoração para o País ainda. Isso porque o platô significa que não há um crescimento de casos acentuado como nos meses de abril e maio, com uma grande variação entre os casos acumulados ao longo da semana.

Ele explicou que o índice de reprodução (R0) para o vírus, que indica a velocidade de contaminação, estava muito alto em abril e maio, atingindo 1,5 e mais de 2,0 em várias áreas. Isso significa que cada pessoa infectada estava contaminando pelo menos outras duas.

Mas Ryan disse que o índice caiu agora entre 0,5 e 1,5, acrescentando que “o vírus não estava, nesse sentido, duplicando a incidência tão rapidamente como antes”.

Há, agora, uma estabilização entre 40 e 45 mil novas infecções diárias. Na quinta-feira 16, foi confirmado que o Brasil alcançou a marca de 2 milhões de casos acumulados até o momento. Já são mais de 76 mil vítimas da doença no País.


“O platô foi atingido, mas os casos e mortes continuam a acontecer. E não há maneira de garantir que a queda vai ocorrer por si”, disse o diretor. “Um em dez casos no Brasil é de um trabalhador da saúde. Nossos trabalhadores de saúde estão pagando o preço mais pesado”, disse, fazendo uma analogia à situação da Espanha, que também apresentou um alto contingente de profissionais dessa área atingidos.

Na avaliação de Ryan, esse momento é propício para o País tomar o controle do vírus – algo que, para ele, não é o que acontece.

“Nós vimos isso em outros países. Se há um platô, existe uma oportunidade agora para o Brasil arrastar [o índice da] doença para baixo, tomar controle. Em muitos países, incluindo o Brasil, o vírus tomou controle. Nós é que precisamos ditar as regras em relação ao vírus”, acrescentou.

*Com informações da AFP/RFI

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