Política

Bolsonaro pressiona Teich sobre cloroquina e diz que protocolo “pode e vai mudar”

O ministério mantem o protocolo de liberar a substância a pacientes graves, por decisão médica, por falta de evidências científicas

Presidente Jair Bolsonaro. Foto: PR
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O presidente Jair Bolsonaro cobrou do ministro da saúde, Nelson Teich, a adoção de um protocolo pelo ministério que preveja o uso da cloroquina para pacientes em estágio inicial do coronavírus. Durante a teleconferência feita com empresários nesta quinta-feira 14, o presidente disse que o protocolo atual “pode e vai mudar”.

“Agora votaram em mim para eu decidir e essa questão da cloroquina passa por mim. Está tudo bem com o ministro da Saúde [Nelson Teich], sem problema nenhum, acredito no trabalho dele. Mas essa questão da cloroquina vamos resolver. Não pode o protocolo, de 31 de março agora, quando estava o ministro da saúde anterior, dizendo que só pode usar em caso grave… Não pode mudar o protocolo agora? Pode mudar e vai mudar”, declarou Bolsonaro.

 

O atual protocolo do ministério da Saúde  – vigente desde a gestão do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta – prevê o uso do medicamento em casos graves, e a sua aplicação fica a cargo do médico responsável, desde que ele entenda que o paciente grave possa se beneficiar com o seu uso. Também está previsto que os possíveis efeitos da medicação sejam compartilhados com o paciente. A pasta autoriza o uso da hidroxicloroquina, mas não a recomenda, pela falta de evidências científicas sobre a sua eficácia.

As divergências de entendimento acerca dos protocolos de combate ao coronavírus levaram o presidente Bolsonaro a demitir Mandetta. O atual ministro da pasta, Nelson Teich, no entanto, vem demonstrando entendimento parecido acerca do medicamento. “Cloroquina hoje ainda é uma incerteza. Houve estudos iniciais que sugeriram benefícios, mas existem estudos hoje que falam o contrário. Os dados preliminares da China é que teve mortalidade alta e que o remédio não vai ser divisor de águas em relação à doença”, declarou no dia 29 de abril.

Em suas redes sociais, o ministro também fez ressalvas à liberação da substância para além do protocolo do ministério, feito pelo Conselho Federal de Medicina, como em casos mais leves.

As divergências também ocorrem em relação ao distanciamento social como estratégia de enfrentamento ao coronavírus. Na quarta-feira 13, o Ministério da Saúde cancelou uma coletiva onde deveria apresentar detalhes e diretrizes sobre a política. A informação é que o governo não chegou a um consenso com os conselhos estaduais e municipais de saúde. Teich já tinha declarado que o tema deveria ser debatido com estados e municípios. O ministério falou sobre a falta de entendimento, em nota, e disse que a estratégia vinha sendo debatida desde o sábado 9.

“O objetivo era ter um plano construído em consenso. No entanto, esse entendimento não foi obtido nas reuniões conduzidas até o momento”, afirmou a pasta.

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