Saúde

Após saída de cubanos, 1.052 profissionais desistem do Mais Médicos

Os principais motivos para a saída dos médicos brasileiros foram a busca por outros locais de trabalho e por cursos de especialização

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Após Cuba sair oficialmente do Mais Médicos, o programa passa por mais uma baixa importante: a desistência de 15% dos profissionais brasileiros que integravam as equipes. Foi o que informou o Ministério da Saúde nesta quinta-feira 4.

Segundo o jornal Folha de S.Paulo, pelo menos 1.052 médicos que assumiram entre dezembro de 2018 e janeiro de 2019 desistiram das vagas. Os principais motivos alegados para a saída dos médicos brasileiros foram a busca por outros locais de trabalho e por cursos de especialização.

Desde janeiro, quando o presidente Jair Bolsonaro tomou posse, houve um incentivo para que apenas brasileiros integrassem o Mais Médicos. Isso porque o presidente sempre foi crítico à decisão da ex-presidenta Dilma Rousseff de fazer uma parceria com Cuba para importar os profissionais de saúde. Após vitória de Bolsonaro, Cuba chamou os médicos de volta para a ilha.

Um edital foi aberto em novembro para ocupar as 8.517 vagas deixadas pelos cubanos no programa. No total, 7.120 vagas foram preenchidas por brasileiros formados no País. Com o déficit de profissionais, o ministério optou por oferecer as vagas aos médicos brasileiros formados no exterior.

Em março deste ano, 1.400 médicos que não se formaram no Brasil iniciaram o curso para integrar o programa, mas até o momento o ministério não informou se as vagas deixadas foram preenchidas.

Leia também: Um terço dos brasileiros inscritos no Mais Médicos não se apresenta

O Mais Médicos foi lançado em 2013, no governo Dilma, para sanar o déficit de médicos no País, estimado pelo Ministério da Saúde em 54 mil profissionais. Além de estimular a ida de médicos brasileiros para cidades do interior, o programa pretendia importar profissionais para atenderem pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em regiões onde havia carência.

O projeto estabeleceu a criação de mais de 11 mil vagas em faculdades de medicina e alterações curriculares, além da abertura de 10 mil postos para médicos nas periferias de grandes cidades e no interior.

Após as primeiras notícias de que o governo pretendia trazer médicos estrangeiros para atuar no País, protestos foram organizados pela categoria. A dispensa da revalidação do diploma era uma das principais críticas. Os médicos alegavam ainda que não havia carência de profissionais, porém, faltava infraestrutura, condições de trabalho e plano de carreira para estimular a atuação no interior. Os primeiros cubanos desembarcaram no país em agosto de 2013.

Leia também: Cuba abandona Mais Médicos após críticas de Bolsonaro

Inicialmente, era permitida a permanência máxima de três anos dos profissionais inscritos no programa. Em abril de 2016, Dilma anunciou uma nova etapa do Mais Médicos, que possibilitou a prorrogação dos contratos por mais três anos. A mudança beneficiaria 71% dos profissionais que precisariam ser substituídos até o final daquele ano.

O projeto se baseava num modelo de cooperação assinado entre Brasil, Cuba e Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). Pela parceria, o pagamento dos profissionais é realizado ao governo cubano, que transfere parte do valor aos médicos. Atualmente, eles recebem quase 3 mil reais. A bolsa paga por Brasília aos outros profissionais do programa é de cerca de 11,8 mil reais.

Os médicos do programa recebem ainda uma ajuda de custo para moradia e despesas básicas, pagas pela prefeitura, e os cubanos, uma passagem anual de ida e volta para Cuba, prevista no contrato assinado com Havana.

Quando foi lançado, em 2013, o programa foi alvo de duras críticas de associações da categoria, que refutavam o argumento do governo sobre a falta de médicos no país. Para eles, a carência de mínimas condições de trabalho era o que evitava a ida de profissionais para o interior.

Além das críticas em relação à cooperação assinada com Cuba, a atuação de médicos estrangeiros sem a revalidação do diploma, como estabeleceu o decreto do programa, e a não exigência de conhecimentos elevados do idioma eram vistos como um problema.

* Foto: Karina Zambrana

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