Saúde

Anvisa questiona transparência em aprovação de vacina chinesa

Bolsonaro chegou a chamar o produto de ‘a vacina chinesa de João Doria’, um potencial rival nas eleições presidenciais de 2022

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Foto: GOVSP O governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Foto: GOVSP
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A Anvisa afirmou na segunda-feira 14 que a China usa critérios “que não são transparentes” para conseguir a aprovação emergencial de sua vacina contra a Covid-19, a CoronaVac, em fase final de testes no Brasil.

“Os critérios chineses para a concessão de autorização de uso emergencial naquele país não são transparentes”, assinala o comunicado da agência.

Produzida pelo laboratório privado chinês Sinovac em associação com o Instituto Butantan de São Paulo, a CoronaVac tem sido alvo de tentativas de desprestígio por parte do presidente Jair Bolsonaro, que a vê como uma ferramenta tanto do governador de São Paulo, João Doria, quanto do regime comunista chinês.

Bolsonaro chegou a chamar o produto de “a vacina chinesa de João Doria”, um potencial rival nas eleições presidenciais de 2022.

Pequim defendeu nesta terça-feira o desenvolvimento de sua vacina, ao afirmar que vários países aprovaram o tratamento chinês em “uma manifestação prática da segurança e eficácia das vacinas chinesas”.

As empresas chinesas estão desenvolvendo vacinas “com um respeito estrito das regras científicas e das normas”, afirmou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Wang Wenbin.

Doria anunciou na segunda-feira que o Instituto Butantan mudou de planos e apresentará à Anvisa um pedido de autorização definitivo para o imunizante chinês no Brasil, onde o novo coronavírus já infectou quase 7 milhões de pessoas e provocou mais de 181.000 mortes. A solicitação será entregue no próximo dia 23.

Na semana passada, o governador disse que espera começar a aplicar a vacina em 25 de janeiro no estado, de 46,2 milhões de habitantes.

A Anvisa, que enviou no começo do mês um grupo de técnicos para inspecionar a unidade da Sinovac em Pequim, advertiu sobre “a potencial influência de questões relacionadas à geopolítica que podem permear as discussões nacionais” e citou como exemplo o risco de que países “coloquem interesses nacionais em primeiro lugar na garantia de acesso a uma vacina para seus próprios cidadãos”.

O governo brasileiro afirma que tem garantido o acesso a 300 milhões de doses de vacinas, principalmente a desenvolvida pela Universidade de Oxford em aliança com o grupo AstraZeneca e a Fiocruz, e a iniciativa internacional Covax Facility. Negocia, ainda, 70 milhões de doses com a Pfizer.

O governo federal apresentou na semana passada um “plano” de vacinação, com setores prioritários para receber o produto, mas sem data de início da campanha.

O STF determinou que o governo deve anunciar uma data até quarta-feira.

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