Saúde
Anvisa não serve aos “interesses de governos”, dizem funcionários em carta
Análises sobre aprovações de vacinas para Covid-19 são ‘isentas’, feitas no menor tempo e sem se submeter a ‘pressão política’, escrevem


Funcionários da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) se manifestaram por meio de uma carta para cravar que a autarquia “não serve aos interesses de governos, de pessoas, de organizações ou de partidos políticos”.
Em documento publicado na quinta-feira 10, os servidores afirmaram que o trabalho técnico está acima de qualquer pressão mesmo sendo elas “inerentes” ao nível das decisões que passam pelo crivo da Agência.
A manifestação vem no momento em que a instituição está sob os holofotes com a expectativa da aprovação de alguma das vacinas contra a Covid-19.
Até o momento, entre os quatro imunizantes que tiveram autorização para realizar testes da fase 3 do desenvolvimento do fármaco, nenhum apresentou formalmente um pedido de registro.
Acusações de interferência política pesaram sobre a autarquia especialmente após a interrupção dos testes da Coronavac, desenvolvida pelo Instituto Butantan e pelo laboratório chinês Sinovac-Biotech, pela morte de um dos voluntários. Dois dias depois, os testes foram retomados ao se constatar que o falecimento não era relacionado à vacina.
Na quinta-feira, a Anvisa também aprovou um parecer que autoriza pedidos de uso emergencial, extraordinário e temporário das vacinas, aos moldes do Reino Unido e Canadá. O destaque ao comitê criado para analisar eventuais pedidos foi destacado na carta:
“Tal comitê tem trabalhado incansavelmente, por meio de avaliação técnica criteriosa, que inclui uma análise rigorosa dos dados laboratoriais, de produção, de estabilidade e clínicos, de forma isenta e sem se submeter a qualquer tipo de pressão política e no menor tempo possível, com o objetivo de assegurar que as vacinas contra a Covid-19 que venham a ser registradas pela Agência sejam seguras, eficazes e produzidas com qualidade.”, diz o documento.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.