Saúde
Alimentação disciplinada e ciclos de jejum contra a síndrome metabólica
Síndrome é caracterizada pelo aumento da pressão arterial, acúmulo de gordura abdominal e resistência à insulina, entre outros pontos
Síndrome metabólica é uma epidemia no mundo atual. Não temos números confiáveis no Brasil, mas nos Estados Unidos ela afeta 30% da população adulta. É caracterizada pelo aumento da pressão arterial, acúmulo de gordura abdominal, resistência à insulina, glicemia entre 100 e 125, e dislipidemia (triglicérides elevados, aumento do colesterol LDL e redução do HDL), entre outras alterações (pró-inflamatórias e pró-trombóticas).
Num período de cinco a dez anos, a presença da síndrome duplica o risco de doenças cardiovasculares e aumenta em cinco vezes o de diabetes tipo 2. O tratamento clássico recomenda redução agressiva do aporte calórico, adoção de dieta saudável e aumento da atividade física. No entanto, como essas providências implicam mudanças do estilo de vida nem sempre fáceis de adotar, o tratamento medicamentoso muitas vezes torna-se inevitável.
Nos últimos anos foi descrita uma estratégia denominada “time-restricted eating” – alimentação com restrição de horários –, que consiste em estabelecer um ciclo diário de ingestão, alternado com períodos de jejum, para criar um ritmo circadiano.
Ritmo circadiano é o conjunto de reações metabólicas que se repetem no decorrer das 24 horas de cada dia. Nesses ciclos são regulados o funcionamento do sistema endócrino, do sistema nervoso autônomo, do metabolismo dos nutrientes, as horas de sono e de vigília e outras características individuais.
Consumir alimentos de forma errática ou fazê-lo repetidas vezes durante as 24 horas desregula o ritmo circadiano, fenômeno que aumenta o risco de obesidade, hipertensão arterial, resistência à insulina, inflamação e dislipidemia. Em animais, manter um ritmo rígido de alimentação com restrição de horários é capaz de prevenir e reverter a síndrome metabólica. Resultados semelhantes têm sido obtidos em estudos piloto com seres humanos saudáveis.
“A verdade é sempre a realidade interpretada, acomodada a um fim construtivo e pedagógico” (Oswald de Andrade)
Um grupo da Universidade da Califórnia, em San Diego, realizou um estudo piloto para testar a eficácia desse método em 19 participantes, desta vez com síndrome metabólica instalada. A maioria tomava medicação anti-hipertensiva e/ou estatinas para reduzir os níveis de colesterol. Durante 12 semanas, a alimentação dos participantes ficou restrita ao café da manhã, seguido de uma única refeição dez horas mais tarde, de modo a manter um jejum noturno de 14 horas.
A restrição levou à perda significativa de peso, melhora da composição corpórea com redução da circunferência abdominal, queda da pressão arterial, melhora do perfil lipídico e da qualidade do sono. Os autores concluem: “Manter um ritmo diário de refeições e jejuns melhora os ritmos moleculares de reações metabólicas importantes”, mecanismo que pode ser útil no tratamento da síndrome metabólica.
Vale lembrar, nenhuma conclusão definitiva pode ser tirada a partir de um estudo que envolveu apenas 19 indivíduos. Mas a hipótese merece ser testada com um maior número de participantes.
Um minuto, por favor…
O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.
Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.
Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.
Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.
Assine a edição semanal da revista;
Ou contribua, com o quanto puder.