Pfizer assina acordo para facilitar acesso mundial a comprimido anticovid

Laboratório anunciou que seu antiviral oral tem eficácia de 89% para prevenir hospitalização ou morte entre os adultos de alto risco

Mulheres passam em frente à sede da Pfizer em Nova York, na segunda-feira 5. O laboratório teve queda de

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A Pfizer assinou um acordo de licença voluntária que deve permitir o acesso a seu comprimido anticovid-19 para além dos países ricos, uma vez que tenha sido autorizado – anunciaram o laboratório americano e a organização Medicines Patent Pool (MPP), nesta terça-feira (16).

O tratamento da Pfizer será comercializado como Paxlovid.

Os fabricantes de medicamentos genéricos “que receberem sublicenças poderão oferecer o novo medicamento em associação com ritonavir (usado contra o vírus da aids) em 95 países, que cobrem quase 53% da população mundial”, afirmou um porta-voz da iniciativa global Unitaid, que criou a MPP, em uma entrevista em Genebra.

No início de novembro, a Pfizer, que já comercializa com o grupo alemão BioNTech uma das vacinas mais eficazes contra covid-19, anunciou que seu antiviral oral PF-07321332 tem eficácia de 89% para prevenir hospitalização, ou morte, entre os adultos que apresentam um risco elevado de desenvolver uma forma grave da doença, de acordo com resultados intermediários de testes clínicos.

Os resultados promissores ainda precisam ser confirmados, destacou o diretor de elaboração de políticas da MPP, Esteban Burrone, em entrevista à AFP.

Em caso de validação, a disponibilidade “será uma questão de meses, e não de anos”, declarou.


Com o acordo, a Pfizer avança na mesma área que sua concorrente Merck Sharp & Dohme (MSD), que anunciou um pacto similar com a MPP para seu medicamento anticovid oral, o molnupiravir. Este tratamento também apresenta eleva taxa de eficácia.

A MSD planeja fabricar as doses necessárias para 10 milhões de tratamentos antes do final do ano. O preço de venda dependerá da capacidade de pagamento dos países, conforme quadro definido pelo Banco Mundial.

MSF lamenta abrangência do acordo

O acordo inclui todos os países de renda baixa, média-baixa e média-alta da África Subsaariana, assim como países de renda média-alta que alcançaram esse status nos últimos cinco anos, disse Verhoosen.

A Pfizer não receberá royalties pelas vendas em países de baixa renda e renunciará a seus royalties pelas vendas em todos os países cobertos pelo contrato, desde que a covid-19 continue sendo considerada uma emergência de saúde pública de interesse internacional por parte da Organização Mundial da Saúde (OMS).

A Pfizer e outros grupos farmacêuticos foram acusados de terem privilegiado o lucro, vendendo a vacina anticovid-19 para os países que podiam pagar por ela, contribuindo, com isso, para o aumento da desigualdade entre países ricos e pobres em termos de acesso a estes imunizantes.

Burrone disse que ainda não se sabe o preço do tratamento. Segundo a ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF), será em torno de US$ 700 nos países ricos, valor similar ao do molnuvipar, e o custo será adaptado para os demais.

A MSF manifestou seu “desânimo” com o acordo, que exclui Argentina, Brasil, China, Malásia e Tailândia, países que contam com recursos significativos de fabricação de genéricos.

Embora já existam tratamentos – principalmente na forma de anticorpos sintéticos -, trata-se de fármacos para pacientes que já sofrem formas graves da doença. São injetados por via intravenosa e, portanto, complexos de administrar.

Já uma pílula, ou comprimido, pode ser prescrita rapidamente para o paciente, que pode tomar o remédio em casa, sem dificuldades.

Além disso, os tratamentos da Merck e da Pfizer teriam poucos efeitos colaterais, prevendo dez doses durante cinco dias.

Em paralelo, um antidepressivo que já é de domínio público, a fluvoxamina, mostrou resultados animadores na prevenção das formas graves da covid-19, conforme estudo publicado em outubro por pesquisadores brasileiros na revista Lancet Global Health.

 


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