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Gustavo Ribeiro, presidente da Abramge

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IA e integração entre setores público e privado ganham força no Brasil

Por Gustavo Ribeiro, Presidente Da Associação Brasileira De Planos De Saúde (Abramge)

No último dia 30 de outubro, foi realizada a 29ª edição do Congresso da Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge). Com um dia de duração, em São Paulo, o evento reforçou mais uma vez o papel da entidade como fomentadora de diálogos propositivos rumo à constante melhora do sistema de saúde brasileiro. Prova disso pôde ser vista no palco. Diante de 1,3 mil pessoas, entre autoridades, reguladores, julgadores, especialistas e executivos de planos de saúde, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, fez dois importantes anúncios de ações práticas para o fortalecimento do nosso modelo.

O primeiro deles foi a assinatura de um memorando de entendimento entre a União, por meio da pasta da Saúde, e a HealthAI, para que o Brasil participe de um modelo de cooperação cujo objetivo é promover o desenvolvimento e a adoção de soluções responsáveis para o uso da Inteligência Artificial no setor. Tal participação se dará por meio da implementação voluntária e colaborativa de mecanismos regulatórios e padrões globais para o uso ético e responsável da IA na gestão e no atendimento médico-hospitalar da população brasileira e global. Com a assinatura do memorando, testemunhada pela secretária de Informação e Saúde Digital, Ana Estela Haddad, pelo presidente da ANS, Wadih Damous, pela diretora da agência, Carla Soares, e pelo CEO da HealthAI, Ricardo Baptista Leite, o Brasil tornou-se país pioneiro no movimento, ao lado de Reino Unido, Cingapura e Índia.

Em seguida, o ministro Padilha, desta vez acompanhado por representantes da Santa Casa de Misericórdia, pelo CEO da Hapvida, Jorge Pinheiro, e por autoridades do Ceará, do Pará e do Distrito Federal, assinou a expansão do programa “Agora Tem Especialistas” para as regiões acima citadas. Com a ampliação, o governo federal, que lançou a iniciativa em Pernambuco, caminha a passos largos para viabilizar a cooperação entre os setores público e privado para a redução das filas de acesso aos serviços de saúde pelos cidadãos brasileiros que dependem exclusivamente do SUS.

Diante dos avanços práticos, mais que um evento, o Congresso Abramge firmou-se como um marco de convergência e construção coletiva, no qual representantes da saúde pública e da suplementar estiveram lado a lado, compartilhando compromissos. A discussão teórica sobre uma nova ordem mundial também pautou debates profundos, com reflexões sobre a democracia brasileira, os rumos econômicos do País e a necessidade de modernização da regulação diante dos rápidos avanços tecnológicos, além de testemunhos de consumidores beneficiários do sistema – cidadãos que estão cada vez mais no foco das instituições de saúde e da agência reguladora.

Por fim, não posso deixar de mencionar as lições dadas pelo professor e filósofo Yuval Harari. Um dos maiores pensadores da atualidade, ele discorreu por mais de uma hora sobre os impactos da Inteligência Artificial no mundo e na saúde. Em suas palavras, a tecnologia pode ser usada em benefício do homem – por exemplo, na detecção de padrões que antecipem pandemias, como a que vivemos recentemente –, mas também exige cautela, regulação e uso ético. Não por acaso, o Brasil tornou-se signatário da HealthAI. O tema, porém, não se esgotou ali. Na Abramge, já começamos o planejamento do 30º Congresso, a ser realizado em novembro de 2026, que terá a Inteligência Artificial como eixo principal das discussões.

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