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Imagem: Governo do Ceará.

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Economia que ilumina

A migração de grandes prédios públicos para energia renovável garantiu ao Ceará uma economia de R$ 12 milhões e reduziu mais de 31% nas contas

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Durante boa parte da última década, a conta de energia dos prédios públicos era vista como um gasto inevitável, algo que corria em paralelo ao funcionamento do Estado. A forma de administrar o consumo começou a mudar em novembro do ano passado, quando o Ceará decidiu levar parte importante de sua estrutura para o Mercado Livre de Energia. 

A aposta, vista inicialmente como um movimento ousado para a administração pública, foi ganhando corpo à medida que equipamentos de grande porte migravam para o novo modelo. Um ano depois, o resultado se traduziu  em números robustos: economia de R$ 12 milhões e queda superior a 31% nas despesas de eletricidade de 130 prédios.

A transformação não aconteceu de uma vez; foi se instalando aos poucos, como a adaptação de uma engrenagem complexa que precisa encontrar seu ritmo, alinhando cada peça até que todo o sistema funcione de forma integrada. 

A Arena Castelão entrou no pacote. O Centro de Eventos do Ceará também. Hospitais regionais, escolas, unidades prisionais — estruturas que funcionam continuamente, consomem muita energia e exigem previsibilidade de abastecimento. A mudança deslocou o Estado de um consumo passivo para uma estratégia ativa, baseada em contratos de longo prazo, energia renovável e planejamento.

Imagem: Governo do Ceará.

A parceria firmada com a EDP garantiu o fornecimento de energia limpa, enquanto a Enel Ceará manteve a distribuição. O acordo prevê 13,4 MW médios até 2029, volume suficiente para dar ao Estado uma segurança inédita e, ao mesmo tempo, aproximá-lo da meta de autossuficiência energética prevista em decreto. A vantagem, porém, não ficou restrita ao balanço fiscal. Ela também projeta uma narrativa mais ampla, a de um Ceará que passou a organizar seus prédios como um sistema energético integrado, alinhado à transição que o mundo inteiro tenta fazer.

Ao longo de 2025, a migração ganhou novos capítulos e a Secretaria de Proteção Social passou a operar no ambiente livre com potencial de redução superior a 25%. O Hospital São José, primeira unidade com geração própria a integrar o programa, trouxe uma perspectiva adicional ao projeto. A Casa da Mulher Cearense de Tauá se tornou o primeiro equipamento já concebido dentro da lógica do Mercado Livre, sinalizando que os futuros prédios do Estado podem nascer preparados para esse formato.

O movimento também reforça uma característica que distingue o Ceará no debate energético nacional. O Estado não se limita a ser um polo de geração limpa, com parques solares e eólicos que abastecem o país; ele mostra que sabe usar essa energia com inteligência, traduzindo a produção em políticas públicas que organizam gastos, modernizam serviços e estabelecem padrões de eficiência. 

Ao fazer isso, o Ceará envia uma mensagem aos próprios cidadãos e a outros entes federativos, de que a transição energética não se realiza apenas pela oferta, mas pela forma como se consome, planeja e aplica cada megawatt em benefício coletivo.

A economia alcançada neste primeiro ano é expressiva, mas talvez o mais importante seja o que ela representa. Ao trocar o modelo convencional por energia renovável e contratos mais vantajosos, o Estado reorganiza seu orçamento, reduz riscos e abre espaço para novas políticas públicas. 

É uma mudança de rota que ilumina caminhos futuros, com impacto no presente e nos próximos anos, e que mostra como decisões estruturais, quando bem calibradas, podem transformar a relação de um governo com as próprias contas.

 

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