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Direito a escolha

Política pública cearense amplia oportunidades para jovens fora da escola e do mercado de trabalho, com educação, qualificação e geração de renda.

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Há histórias que são interrompidas cedo demais. No Ceará, muitas delas pertencem a jovens que deixaram a escola sem concluir os estudos, que procuraram trabalho e não encontraram, e que, entre a urgência da renda e a falta de alternativas, viram o tempo passar sem direção. A falta de mais oportunidades não é um dado apenas social, mas o ponto em que a vida de um adolescente pode mudar de rumo.

Foi a partir desse problema que o Estado começou a redesenhar suas políticas de prevenção, entendendo que a violência não nasce somente de conflitos, ela  também se cria no vazio que a exclusão provoca. O Programa Integrado de Prevenção e Redução da Violência, o PReVio, nasceu da ideia de que prevenir exige integrar educação, cultura, renda e cidadania.

Até o final de 2026, o Virando O Jogo deve beneficiar 10 mil jovens cearenses. Foto: Divulgação

Entre as ações e projetos que compõem o programa está o Virando o Jogo, criado em 2019 e integrado ao PReVio em 2023. O projeto acolhe adolescentes e jovens de 15 a 22 anos que estão fora da escola e do mercado de trabalho, oferecendo um caminho de volta — não ao ponto em que pararam, mas a um futuro que podem reconstruir. A proposta reúne formação cidadã, qualificação profissional e incentivo financeiro, com atividades voltadas ao retorno escolar e à inserção produtiva ao mercado de trabalho.

O percurso começa nos bairros, onde as histórias se cruzam. Com a expansão recente, o projeto chegou a dez municípios: Fortaleza, Caucaia, Maracanaú, Maranguape, Sobral, Itapipoca, Quixadá, Iguatu, Crato e Juazeiro do Norte. Em cada uma dessas cidades, os jovens se reúnem em turmas formadas a partir das áreas mais vulneráveis, em escolas, centros comunitários e espaços públicos, para que a formação aconteça perto de onde a vida acontece, e que o conhecimento seja uma forma de pertencimento.

Estudantes participam da cerimônia de entrega de certificados do programa Virando o Jogo, com a presença do governador do Ceará, Elmano de Freitas. Foto: Divulgação

Na primeira fase, chamada de formação cidadã, os encontros tratam de temas como autoconhecimento, saúde mental, relações sociais e projeto de vida. Depois, vem a ação comunitária: um exercício de olhar para o próprio território e pensar soluções coletivas. O aprendizado não se restringe à sala e se materializa nas iniciativas que os próprios jovens planejam e executam.

A terceira etapa é a da qualificação profissional. Os cursos se dividem em 19 áreas de atuação: indústria, arte e cultura — de cabeleireiro e eletricista a audiovisual, fotografia digital e iniciação teatral. A última fase aprofunda o vínculo com o trabalho e o empreendedorismo, com oficinas de gestão financeira e planejamento pessoal. É o momento em que o aprendizado se transforma em prática, e o projeto começa a produzir resultados visíveis nas comunidades.

Durante o processo, cada participante recebe auxílio financeiro em cinco parcelas, além de fardamento, material didático, lanche e transporte. Ao final, quem mantém frequência e aproveitamento recebe um kit de empreendedorismo, um incentivo para dar o primeiro passo rumo à autonomia. Paralelamente, o projeto atua na reinserção escolar, auxiliando jovens que desejam retornar ao ensino regular, à EJA ou ao CEJA.

Estudantes participam da cerimônia de entrega de certificados do programa Virando o Jogo, com a presença do governador do Ceará, Elmano de Freitas. Foto: Divulgação

A integração ao PReVio ampliou o alcance do Virando o Jogo dentro da política estadual de prevenção. Ao aproximar educação, renda e cidadania, o projeto age nas causas da vulnerabilidade e em suas consequências. Cada jovem que conclui um curso, volta à escola ou inicia um pequeno negócio e amplia o alcance de uma política que acredita na juventude como força de transformação.

No fim, o que o projeto oferece vai além da capacitação, mas a chance de retomar o fio condutor da própria história. Em um Estado que escolheu a prevenção como caminho, o Virando o Jogo mostra que reduzir a violência também é devolver aos jovens a possibilidade de escolher quem querem ser e realizar sonhos.

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