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Competição e segurança
O open finance amplia a oferta de opções aos clientes, mas exige cuidados contra as fraudes
Uma das novidades em expansão em um Brasil cada vez mais conectado é o open finance, ecossistema bancário no qual os adeptos compartilham dados com as instituições financeiras. O sistema, que conta com mais de 50 milhões de usuários ativos ou quase um terço da população bancarizada do País, busca criar mais competição no setor financeiro. Com acesso aos dados dos usuários, instituições participantes poderão fazer ofertas de produtos e serviços a clientes de seus concorrentes, com benefícios ao consumidor, que poderá obter tarifas mais baixas e condições mais vantajosas. Desde fevereiro de 2021 em operação, as instituições representadas pela Federação Brasileira de Bancos investiram mais de 2 bilhões de reais no projeto.
O open finance é mais um exemplo de como a digitalização e o uso de dados têm crescido. Com 164,5 milhões de habitantes conectados, o equivalente a 88% da população de 10 anos ou mais de idade, o Brasil é um dos países que mais utilizam os canais digitais para transações. No ano passado, operações feitas pelo Pix somaram 42 bilhões de tentativas, crescimento de 75% em relação a 2022. O resultado de 2023 do Pix supera as operações somadas de cartão de crédito, débito, boleto, TED, DOC, cheques e TEC, as quais, juntas, totalizaram quase 39,4 bilhões, com base em dados divulgados pelo Banco Central e pela Associação Brasileira das Empresas de Cartão de Crédito e Serviços. De acordo com o Banco Central, o Pix foi responsável por incluir 71,5 milhões de usuários no sistema financeiro.
Os jovens são uma das forças da digitalização. Pesquisa global da Mambu revela que mais da metade (54%) dos brasileiros entre 18 e 35 anos usa um banco digital como sua principal instituição financeira, enquanto os 46% restantes optam por bancos tradicionais. O estudo mostra que os brasileiros são os que mais aderem aos bancos digitais na América Latina. Na região, a grande maioria (83%) opta por instituições tradicionais, com Chile e Peru a ser os países mais fiéis a esses bancos, usados como primeira opção por 97%. Nesse contexto, o comércio eletrônico tem avançado. O Brasil também é o único país latino-americano no qual os mais jovens fazem mais operações com bancos digitais (73%) do que tradicionais (61%). Na média regional, 76% realizam operações com os bancos tradicionais e só 28% com os digitais.
Dados do e-commerce brasileiro apontam que o varejo projeta aumento de receita de 3,2 trilhões de reais em 2023 para 3,8 trilhões de reais em 2027, crescimento acumulado de, aproximadamente, 20,2% nesse período. As compras pela internet devem expandir-se mais: a receita passaria de 349 bilhões de reais em 2023 para 557 bilhões de reais em 2027, aumento acumulado de 59,6% durante o período analisado.
O avanço da digitalização coincide com a galopada das ameaças virtuais. Os golpes digitais vitimaram 24% dos brasileiros, ou seja, um em quatro, nos últimos 12 meses. São mais de 40,85 milhões de usuários que perderam dinheiro em razão de algum crime cibernético, como clonagem de cartão, fraude na internet ou invasão de contas bancárias. Os dados são de uma pesquisa recente divulgada pelo Instituto DataSenado. “As pessoas que relatam ter perdido dinheiro com esse tipo de crime nos últimos 12 meses estão distribuídas em proporção semelhante às características socioeconômicas da população brasileira”, conclui o documento. O estudo avalia quem perdeu dinheiro em três tipos de golpe: clonagem de cartão, invasão de contas bancárias e fraudes na internet. As maiores vítimas têm de 16 a 29 anos, com 27% dos casos. Os menos afetados têm de 50 a 59 anos, com 14%.
Nesse contexto, as seguradoras lançam novos produtos para proteger os clientes. Levantamento da Confederação Nacional das Seguradoras revelou que a procura pelo seguro de riscos cibernéticos cresceu 880% nos últimos cinco anos, passando dos 20,7 milhões de reais arrecadados em 2019 para 203,3 milhões em 2023. Em comparação com 2022, o avanço foi de 17,1%.
Um exemplo desse crescimento está no Grupo Kovr, formado por uma seguradora de ramos gerais (Kovr Seguradora), uma de previdência (Kovr Prev) e outra de capitalização (Kovr Cap). Com mais de 50 anos de história, 1,9 bilhão de reais em faturamento e suporte financeiro de um grande banco, o grupo tem buscado ampliar a oferta de produtos ligados à vida cotidiana de seus clientes. Parte expressiva da expansão ocorreu graças à seguradora de ramos gerais: em 2023, o número de apólices emitidas por ano saltou de 45 mil para mais de 2,5 milhões, quadruplicando a receita nos últimos três anos. O tíquete médio das apólices foi reduzido de 1,3 mil reais ao ano para 195 reais, ou apenas 16,25 ao mês, o que evidencia a estratégia da seguradora de proporcionar a democratização dos seguros.
Um exemplo são os seguros contra perda e roubo de cartão, seguro para celular e seguro cyber pessoa física, modalidades que a empresa oferece a partir de 4,90 reais por mês. A seguradora ainda tem buscado diversificar com outro produto diferente: o Seguro Viva + Protegido, que combina seguro de vida física com seguro para a vida digital cyber, em um mesmo pacote. No Vida Física, o cliente tem seguro de vida com uma cobertura de até 300 mil reais, incluída assistência funeral, hospitalização, invalidez por acidente (total ou parcial), além de usufruir de um cartão saúde, com assistência médica, profissionais tabelados e consultas online.
O Vida Digital combina dois produtos: Seguro Cyber e Seguro Pix & Conta. O Seguro Cyber garante uma indenização se o segurado for vítima de ataques cibernéticos que gerem prejuízos financeiros, de acordo com os riscos cobertos disponíveis. O seguro também conta com diversos serviços preventivos, como monitoramento de dados e vulnerabilidades, antivírus BitDefender gratuito e apoio de especialistas em cibersegurança sempre que precisar, sem custos adicionais.
O Seguro Pix & Conta Protegida reembolsa o segurado em caso de prejuízos financeiros decorrentes de transações indevidas (inclusive Pix) na conta digital por terceiros sob coação, após perda ou roubo do smartphone e de roubo ou furto qualificado após o saque.

Publicado na edição n° 1333 de CartaCapital, em 23 de outubro de 2024.
Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título ‘Competição e segurança’