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A Igreja Cristã Maranata tem 55 anos de história e está presente nos cinco continentes

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A igreja que orienta pastores a não pedir dinheiro

Na Igreja Cristã Maranata, mesmo contribuições e ofertas substanciais podem ser recusadas caso não reflitam um genuíno ato de fé

Apresentado por ICM

A prática de incentivar e coletar contribuições financeiras está enraizada na história eclesiástica.

Não é o caso, porém, de uma congregação brasileira fundada há 55 anos e que possui hoje mais de 5 mil templos no Brasil e no exterior: a Igreja Cristã Maranata.

A ICM redefine o conceito de dádiva religiosa, descartando as usuais práticas de coletas e incentivando um dízimo espontâneo, fruto da convicção de seus fiéis. Di­fe­ren­temente do que ocorre em outras congregações, aqui, a ênfase recai sobre o aspecto espiritual da contribuição, mais do que no valor monetário.A prática traz um desafio até mesmo aos fiéis, acostumados com abordagens mais tradicionais de arrecadação. “Não tem pedido de dinheiro, não tem coleta. Não se passa a sacolinha para recolher dízimo… Não se pede dinheiro de forma alguma”, conta o pastor Gedelti Gueiros, presidente da instituição. O líder religioso sustenta que a genuína oferta é aquela que emerge do coração e da fé do indivíduo, e não como um gesto rotineiro ou de ostentação. “Entendemos que, primeiro, vem a parte espiritual”, explica ele. “O ato mecânico, ou simplesmente por sentimento, não vai corresponder àquilo que nós entendemos doutrinariamente como obra de Deus, então nem se recebe o valor”, completa. Mesmo doações expressivas podem ser rejeitadas caso percebidas como destituídas de fé genuína. “A quantia vultosa não nos interessa, porque sabemos que Deus vai suprir tudo.”

Os membros da Igreja Cristã Maranata dedicam-se voluntariamente à manutenção dos templos

Amadeu Loureiro Lopes, pastor voluntário da igreja desde 1971, destaca o caráter inclusivo e discreto com o qual a ICM lida com a questão financeira, reforçando que a negativa de contribuição por parte dos fiéis não resulta em exclusão ou constrangimento. A igreja evita, também, publicizar a lista de contribuintes. Lopes sublinha que essa abordagem tem sido um princípio fundamental desde a origem da Maranata, contrastando com práticas mais impositivas vistas em outros­ grupos religiosos. “Víamos isso em outros movimentos e achávamos que não era para ser assim.”

Originária do movimento pentecostal que ocorreu no Brasil na década de 60, a Igreja Cristã Maranata adotou uma vertente do pentecostalismo que se afasta das promessas de prosperidade material em troca de doações. Lopes aponta que a expectativa de recompensas materiais por contribuições financeiras pode levar os fiéis a ofertar além de suas possibilidades, esperando milagres financeiros. Diante dessa realidade, a Maranata optou por uma abordagem mais consciente e sustentável, promovendo a doação como um ato de fé, e não como um investimento para ganhos futuros. Conforme a igreja cresceu, sua estrutura financeira se solidificou em torno de uma gestão diferente, com tesourarias locais operando independentemente da liderança pastoral. A integridade das finanças é mantida por um conselho fiscal que realiza auditorias regulares, assegurando a retidão e a responsabilidade no manejo dos recursos.

Mas, como, sem pedir dinheiro e sem pagar salários aos pastores, a Igreja Cristã Maranata mantém a sustentabilidade de inúmeros templos espalhados pelo Brasil e pelo mundo? A razão é um “caixa único”, que assegura que todas as contribuições sejam centralizadas, facilitando a gestão das necessidades de cada templo, independentemente de sua localização ou condição financeira – enquanto alguns têm boas arrecadações, por exemplo, outros podem ser deficitários, não podendo sequer arcar com as contas de água e luz. “Cada um fica apenas com o aquilo que precisa para suas despesas”, explica Loureiro Lopes. “Outros, que têm uma carência maior, a gente subsidia, mandando verba e suprindo toda a manutenção.” Hoje, conforme explica o pastor, Estados Unidos e Canadá se mantêm praticamente sozinhos. Na América do Sul, a situação é mista: algumas congregações conseguem manter-se por conta própria, enquanto outras ainda dependem de subsídios. Na Europa, países como Alemanha, Suíça, Portugal e Espanha se destacam por uma independência financeira completa.

Gedelti Gueiros serve como presidente e pastor da Igreja Cristã Maranata

Dessa maneira, a instituição consegue manter e até expandir suas atividades sem depender de pedidos externos de financiamento. “Hoje, temos condições de movimentar a obra no mundo inteiro, sem precisar pedir dinheiro a governos, prefeituras, e a ninguém”, celebra Gueiros, o presidente da ICM. “Nunca faltou nada para a execução da obra de Deus.” A singularidade da Maranata também se reflete na postura de seus líderes e membros mais ativos, frequentemente listados entre os principais contribuintes – contrastando com outras denominações onde costumam ser os mais remunerados. A contribuição dos fiéis também vai além do aspecto financeiro, estendendo-se a diversas formas de serviço voluntário dentro da comunidade, desde a manutenção física dos templos até a participação nos cultos. Atualmente, são quase 30 mil líderes voluntários espalhados pelos templos da ICM, entre pastores, diáconos e obreiros.

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