Política

Zema quer federalizar Cemig e outras estatais para pagar dívida de Minas

Estado deve cerca de 160 bilhões de reais à União

Zema quer federalizar Cemig e outras estatais para pagar dívida de Minas
Zema quer federalizar Cemig e outras estatais para pagar dívida de Minas
Gil Leonardi/GOVMG
Apoie Siga-nos no

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo) disse, nesta terça-feira 9, que vai propor a federalização de empresas estatais mineiras, caso a proposta de renegociação de dívidas dos estados com a União, em análise no Congresso, seja aprovada. 

Dentre as estatais selecionadas pelo governador mineiro que poderiam ser entregues como forma de pagamento da dívida está a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig). 

Em entrevista ao jornal O Globo, Zema afirmou que ainda deverá propor a federalização da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) e da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig). As transferências, no entanto, dependem do aval e do interesse do governo federal. 

“Já está nos planos [a transferência de ativos para União]. Queremos fazer uso desse mecanismo, que faz com que os juros possam cair com ativos que representam mais de 20% da dívida”, declarou Zema. “Só a Cemig, a Copasa e a Codemig têm valor muito superior a 20% da dívida. Fica a interrogação se a União vai ter interesse e se o Congresso vai votar o projeto como ele está”, afirmou o governador.

Ao todo, o estado deve cerca de 160 bilhões de reais à União, sendo que 8 bilhões já foram pagos desde a adesão de Minas Gerais ao Regime de Recuperação Fiscal. 

O projeto de lei complementar que prevê a renegociação de dívidas dos estados, apresentado pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), permite a transferência de participação societária em empresas de propriedade dos estados para a União, como uma das formas de efetuar o pagamento da dívida.

A operação, no entanto, precisa estar prevista em lei estadual e federal, para concluir a transferência das estatais. 

Para Zema, o projeto de Pacheco “merece aplausos”. Para o governador, o texto trata a questão das dívidas dos entes federativos desde a “raiz”.  

O texto também estabelece que os Estados poderão reverter 1% dos juros da dívida por meio de investimentos em educação, infraestrutura e segurança pública, e da alocação de recursos num fundo de equalização, que atenderá a todos os entes federativos, mesmo os não endividados. 

“Como governador, gostaria que esse fundo ficasse só para os Estados endividados e que os investimentos em educação considerassem o que já é feito, não só o adicional. São pontos que melhorariam mais essa proposta”, avaliou Zema.

A previsão, no Senado, é de que o PL seja votado antes do recesso, que tem início em 18 de julho (quinta-feira da próxima semana). 

Caso aprovado, a União deixará de arrecadar cerca de 28 bilhões de reais por ano. “De qualquer forma, a dívida não está sendo paga no momento”, disse Pacheco.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo