Política
Zema compartilha frase de Mussolini, líder do fascismo, após Bolsonaro ficar inelegível
Assessoria do governador mineiro lamentou repercussão negativa e disse que o político fez apenas um alerta e que não concordaria com os ideais do ditador citado
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), publicou, neste sábado 1, uma frase assinada por Benito Mussolini, ditador italiano e líder do fascismo. A mensagem cita o termo ‘restrição de liberdade’, menos de 24 horas após Jair Bolsonaro (PL), seu aliado, se tornar inelegível por decisão do Tribunal Superior Eleitoral.
“Fomos os primeiros a afirmar que, quanto mais complexa se torna a civilização, mais se deve restringir a liberdade do individuo. Benito Mussolini”, escreveu o político mineiro em um story no Instagram. A postagem é temporária e deve sair do ar após 24 horas.
Zema tenta, com a publicação, se aproximar dos eleitores do ex-capitão, já que comumente é apontado como um dos possíveis herdeiros dos votos da extrema-direita com Bolsonaro fora da disputa. O ex-presidente, porém, não listou apoio ao mineiro ao tratar de um sucessor agora que estará longe das urnas até 2030. Nas palavras do ex-capitão, Zema poderia ser uma opção para um futuro bem mais distante – ‘2030, 2034 ou 2038’.
O governador, porém, não pareceu se importar e optou pelo flerte mais aberto com o discurso extremista. A publicação, no entanto, teve repercussão negativa, fato constatado pela própria assessoria do político. Após poucas horas no ar, sua equipe veio a público tentar uma explicação.
No comunicado, encaminhado ao jornal O Globo, a equipe de Zema negou que o governador concorde com os ideias fascistas do suposto autor da frase compartilhada – o termo suposto se deve ao fato de que não há registros de que o texto seja mesmo de Mussolini, apesar do fascista ser comumente associado ao trecho, vale registrar que Zema optou por assinar a reflexão como um pensamento do ditador.
Em uma tentativa de explicar o ato de compartilhar um discurso fascista, a assessoria de Zema alegou que o trecho citado “alerta sobre os riscos de um estado inchado, com altas cobranças de impostos e gastos desregulados, mas sem capacidade de investimentos básicos para a população”. Depois insistiu que “o governador Romeu Zema reafirma seu compromisso com a democracia e com um estado que sirva às necessidades do povo”. O post, enquanto não vence o prazo da rede social, segue no ar.
Essa não é a primeira polêmica de Zema com discursos extremistas. Recentemente, em um evento com governadores do sudeste, o político pregou contra nordestinos e benefícios sociais. Pela declaração foi acusado de xenofobia e racismo. Depois, em uma tentativa de minimizar os danos, disse ter sido interpretado erroneamente, repetindo, porém, a análise feita de que moradores do Nordeste trabalhariam menos porque preferem receber bolsas governamentais.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.
Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.