Política

Wesley Batista, irmão de Joesley, é preso. Entenda

A Polícia Federal prendeu o outro dono da holding J&F por suspeita de obter benefícios com informações privilegiadas de delação

Wesley é alvo de prisão preventiva
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Pouco mais de 48 horas após Joesley Batista se entregar à Polícia Federal, por suspeita de omitir informações em acordo de delação premiada, seu irmão, Wesley Batista, também foi preso.

A PF bateu à porta de Wesley na manhã desta quarta-feira 13 e o levou para sua sede em São Paulo em meio à deflagração da segunda fase da Operação Tendão de Aquiles, que apura irregularidades no mercado financeiro. A operação foi autorizada pela 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo a pedido da PF e também tem como Joesley Batista, que já está preso.

Wesley, assim como Joesley, é dono da holding J&F, que controla marcas como a JBS, e hoje atua como presidente do grupo. Eles também são donos da FB Participações, controladora da JBS. Entenda o caso:

O que a Operação Tendão de Aquiles investiga?

A investigação apura dois eventos diferentes. O primeiro é a venda de ações da JBS na bolsa de valores, entre 24 de abril e 17 de maio, por sua controladora, a FB Participações S/A, e a posterior compra dessas ações pela JBS.

Segundo a PF, a transação causou danos aos acionistas da JBS pois eles foram obrigados a assumir parte do prejuízo provocado pela queda brusca no valor das ações da companhia ocorrida após a divulgação de detalhes da delação de Joesley, o que se deu em 17 de maio. Como a FB Participações é uma empresa de capital fechado, ela teria sofrido sozinha o prejuízo da queda de valor das ações caso tivesse permanecido com os papéis no período de baixa.

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O segundo evento investigado é a compra de dólares, entre 28 de abril e 17 de maio, por parte da JBS. Segundo a PF, isso se deu em desacordo com a movimentação usual da empresa. A JBS teve, assim, ganhos decorrentes da alta do dólar ocorrida também após o dia 17, quando o cenário econômico do Brasil se degradou ainda mais diante da delação.

Nos dois casos, a investigação apura se houve uso indevido de informações privilegiadas – no caso, a divulgação da delação premiada de Joesley, que afetaria a JBS e também a economia como um todo.

Quanto dinheiro essas operações envolveram?

A JBS teria comprado entre 750 milhões de dólares e 1 bilhão de dólares no mercado futuro da moeda norte-americana após o fechamento do mercado na quarta-feira 17, horas antes de trechos da delação começarem a vazar.

No caso da FB Participações, a companhia vendeu o equivalente a 327,4 milhões de reais em ações da JBS durante o mês de abril, segundo a Comissão de Valores Mobiliários, autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda que regula e fiscaliza o mercado de capitais.

E qual é o papel de Wesley Batista? E o de Joesley?

Como controlador das empresas, Wesley pode ter sido o responsável pelas operações irregulares, segundo a investigação da PF. O mesmo ocorre com Joesley. Atualmente preso em Brasília por ordem do ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, Joesley também é alvo da Operação Tendão de Aquiles.

A PF cumpriu um mandado de prisão contra ele, mas como ele se encontra detido, só será encaminhado para São Paulo caso Fachin relaxe sua prisão no caso envolvendo irregularidades na delação premiada. 

E o que alega a empresa?

Em nota divulgada ainda em maio, a JBS afirmou que as operações de câmbio realizadas naquela semana tinham como objetivo, exclusivamente, minimizar os riscos cambiais das operações da empresa, que incluem dívidas que precisam ser pagas em dólar. 

A JBS informou também que gerencia de maneira minuciosa e diária sua exposição cambial e de commodities. A empresa acrescenta que as movimentações no mercado de câmbio feitas naqueles dias estavam “alinhadas à sua política de gestão de riscos e proteção financeira”.

E como a empresa reagiu às prisões?

A JBS ainda não divulgou nota oficial. Ao jornal Folha de S.Paulo, Pierpaolo Bottini, advogado de Wesley criticou a decisão da Justiça. “É absurda e lamentável a prisão e o inquérito aberto há vários meses em que investigados se apresentaram para dar explicações. Mais vez o Estado brasileiro é desleal com quem colabora com a Justiça”, disse.

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