Política

Weintraub ataca governo chinês: “Há fortíssimas evidências que o vírus foi criado em laboratório”

Em depoimento escrito à PF, Weintraub associa, sem provas, China como causa do coronavírus e nega racismo em nome de ‘humor’

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, durante apresentação do programa "Future-se". (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
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O ministro da Educação Abraham Weintraub declarou à Polícia Federal, na quinta-feira 04, que não acha “mera ilação” associar a criação do coronavírus (Sars-Cov-2) ao Partido Comunista Chinês, afirmou que há “evidências” de que o vírus foi criado em laboratório, negou racismo e disse que chacota com modo de falar de chineses – o que motivou a abertura de inquérito – foi um “uso de humor”.

O depoimento foi dado por escrito à corporação, já que o ministro se negou a depor, e foi obtido pela reportagem do portal G1. Na carta, Weintraub argumenta que é “razoável” acusar a China, maior parceira comercial do Brasil, de ter criado o vírus por conta de comentários na internet e do presidente americano Donald Trump.

“A participação do PCC [Partido Comunista da China] na pandemia não é mera ilação desse subscritor. Trata-se de tema discutido abertamente por diversos líderes mundiais (vide comentário do presidente Donald Trump). Hoje há fortíssimas evidências que o vírus foi criado em laboratório, que o PCC escondeu o início da epidemia e informou a Organização Mundial de Saúde que não havia contágio entre humanos, e depois, de tudo, vendeu produtos necessários para o tratamento para todo o mundo. É razoável que o tema possa ser objeto de discussão livre”.

Além disso, Weintraub negou que a publicação feita nas redes sociais se dirigisse a todo um povo, o que, para ele, impossibilitaria a ocorrência de racismo. Ainda escreveu que a tipificação ou não do crime deveria ser considerada a partir da “[…] percepção do ‘homem médio’, não de militantes de uma causa, enviesados por definição. Nessa linha, o post recebeu centenas de milhares de interações positivas e negativas, e, ao que me recorde, não foi vista por mim uma única que versasse sobre o tema racismo”, escreveu.

A publicação feita por Weintraub usa do modo de falar do personagem Cebolinha, que troca os r’s por l’s nas histórias criadas por Maurício de Souza. Nela, Weintraub publica uma capa de edição do gibi infantil que celebra a China e, junto a ela, escreve: “Geopolíticamente, quem podeLá saiL foLtalecido, em teLmos Lelativos, dessa cLise mundial? PodeLia seL o Cebolinha? Quem são os aliados no BLasil do plano infalível do Cebolinha paLa dominaL o mundo? SeLia o Cascão ou há mais amiguinhos?”

Para Weintraub, o “humor” seria uma resposta não “enfadonha” ao debate nas redes sociais sobre o papel da China na crise do coronavírus. “Em meio aos nefastos efeitos da crise, o conteúdo da postagem foi pensado para que eu pudesse abordar um tema da maior seriedade, sem ser enfadonho, na dinâmica própria das redes sociais.”, escreveu.

Na época, a Embaixada da China no Brasil classificou a publicação e os ataques como “completamente absurdas e desprezíveis, que têm cunho fortemente racista e objetivos indizíveis, tendo causado influências negativas no desenvolvimento saudável das relações bilaterais China-Brasil”, diz a conta oficial nas redes sociais.

Em relação à reação do governo chinês, Weintraub afirmou que ela não pode ser tida como “expressão da vontade popular”, já que a China, para o ministro, é uma “ditadura comunista de partido único que despreza os princípios que regem uma democracia liberal e o Estado de Direito, campeã de violações aos direitos humanos, o que inclui até mesmo genocídio em décadas passadas”.

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