Política

Wassef diz ter comprado Rolex nos EUA com dinheiro próprio e sem pedido de Bolsonaro

A ‘operação resgate’ do item foi relatada pela Polícia Federal ao STF

PF mira entorno do ex-capitão em nova operação. São alvos: o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro Mauro Cid; seu pai, o general Mauro Lourena Cid; e o advogado do clã do ex-capitão Frederick Wassef.
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O advogado Frederick Wassef convocou uma entrevista nesta terça-feira 15, em São Paulo, e afirmou ter recomprado nos Estados Unidos um relógio que havia sido entregue ao governo de Jair Bolsonaro. Ele disse, porém, que a intenção era devolver o item às autoridades e que a decisão foi lícita.

Wassef, que representou a família Bolsonaro em diversos processos, foi um dos alvos da operação deflagrada na semana passada pela Polícia Federal para apurar o desvio de presentes recebidos em viagens oficiais pelo governo do ex-capitão.

“Eu comprei o relógio. A decisão foi minha. Usei meus recursos, eu tenho a origem lícita e legal dos meus recursos. Eu tenho conta aberta nos Estados Unidos, em um banco em Miami, e usei do meu dinheiro para pagar o relógio. Então, o meu objetivo quando eu comprei esse relógio era exatamente para devolver à União, ao governo federal do Brasil, à Presidência da República. Isso, inclusive, por decisão do Tribunal de Contas da União”, disse o advogado nesta terça.

Ele também foi questionado sobre a motivação para a aquisição do relógio e disse ter “tomado a decisão de comprar”.

“Foi solicitado, comprei e fiz chegar ao Brasil. Agora, se o senhor quiser perguntar detalhamento – ‘olha, qual voo?, a que horas que entrou?, para quem você deu?’ -, neste momento eu não vou poder falar”, prosseguiu. “Quem solicitou não foi Jair Bolsonaro. Não foi o coronel [Mauro] Cid.”

Um relatório enviado pela PF ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, apontou que Wassef recomprou nos Estados Unidos um relógio da marca Rolex recebido em viagem oficial por Bolsonaro e vendido pelo general Mauro César Lourena Cid, pai de Mauro Cid, braço-direito do ex-presidente.

O pacote chegou às mãos de Bolsonaro em outubro de 2019, durante uma viagem oficial à Arábia Saudita. Segundo a investigação da PF, o relógio foi recomprado após o Tribunal de Contas da União expedir uma ordem pela devolução dos itens ao Estado.

O relatório sustenta que o Rolex foi recomprado em 14 de março de 2023 por Wassef, que voltou ao Brasil 15 dias depois. Em 2 de abril, Mauro Cid (pai) se encontrou com o advogado em São Paulo e retomou a posse do relógio. No mesmo dia, o general viajou a Brasília e entregou o objeto ao segundo-tenente do Exército Osmar Crivelatti, assessor de Bolsonaro.

O general Mauro Cid havia embolsado 68 mil dólares ao vender o Rolex para a empresa Precision Watches, na cidade de Willow Grove, na Pensilvânia. A PF obteve o comprovante de depósito, realizado por meio da instituição financeira Capital One, em 13 de junho de 2022. No dia do pagamento, o montante correspondia a quase 347 mil reais.

“Coincidentemente, na data de 12 de junho de 2022, dia anterior à venda dos relógios, MAURO CESAR LOURENA CID encaminhou para MAURO CID mensagens contendo exatamente os mesmo dados bancários da conta beneficiária do valor de US$ 68.000,00, decorrente da venda dos relógios”, diz o relatório.

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