Política
Vice-presidente do PT diz que chapa com Freixo atrapalha Lula e defende desembarque
Lideranças petistas reagiram à confirmação de Molon como candidato do PSB ao Senado. ‘Essa chapa já deu’, resumiu Washington Quaquá
A decisão do PSB de homologar uma chapa com Marcelo Freixo ao governo do Rio de Janeiro e Alessandro Molon ao Senado gerou forte impacto no PT, que acusa os pessebistas de descumprirem o acordo pelo qual André Ceciliano (PT) seria o postulante da aliança à Casa Alta.
Um dia depois da confirmação da chapa do PSB, o PT fluminense decidiu adiar a convenção estadual marcada para a próxima segunda-feira 25, a fim de que a Executiva Nacional da sigla delibere sobre “o problema de Molon”, como informou a CartaCapital o presidente petista no estado do Rio, João Maurício de Freitas.
Há lideranças do PT a defenderem, porém, um passo além: o fim da aliança com Marcelo Freixo. É o caso de Washington Quaquá, vice-presidente nacional da legenda. A CartaCapital, ele disse ver a chapa com Freixo como “tipicamente de classe média”.
“Atrapalha a campanha do Lula. É uma chapa-âncora, que prende a desenvoltura da gente na eleição, nos atrapalha muito. O Lula precisa isolar Bolsonaro no Rio”, avaliou Quaquá, para quem a dobradinha com Freixo “ajuda” o ex-capitão.
O vice-presidente do partido sinaliza até a possibilidade de o PT endossar o candidato do PDT ao governo fluminense, Rodrigo Neves, e lançar Ceciliano como candidato ao Senado. Neste desenho, o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), “seria o coordenador da campanha de Lula”. Ainda assim, Quaquá argumenta que Lula poderia participar de outros palanques.
“Temos de rever a posição. Essa chapa (com Freixo) já deu. Ela está nos impedindo de crescer e aumentando a nossa rejeição, trazendo os temas de que Bolsonaro gosta para o centro da campanha. São os temas que o Freixo traz em si, os temas de comportamento, e não os direitos fundamentais a alimentação, saúde, educação, habitação e transporte.”
Na quarta 20, ao anunciar o lançamento de Freixo e Molon, o PSB informou que ambas as candidaturas estão confirmadas “em caráter irrevogável”.
Molon argumenta que “neste momento, não podemos ter ambiguidades nem fazer concessões” e que “só existem dois lados: o do Bolsonaro e o da democracia, e a nossa candidatura é a da democracia”. A declaração pode ser compreendida como uma crítica a Ceciliano, visto por pessebistas como alguém a buscar aproximação com o governador Cláudio Castro (PL), o candidato de Jair Bolsonaro (PL).
Uma pesquisa Ipec publicada nesta quinta indica um cenário complexo para o campo progressista na corrida ao Senado. Romário (PL) lidera com folga a disputa, chegando a 30% das intenções de voto.
No principal cenário, o ex-jogador de futebol aparece bem à frente do segundo colocado, Marcelo Crivella (Republicanos), que marca 11%. Na sequência, vêm Molon, com 9%; Clarissa Garotinho (União Brasil) e Daniel Silveira (PTB), com 6% cada; Ceciliano, com 4%; e Ivanir dos Santos (PDT), com 1%. Marcelo Itagiba (Avante) não pontuou.
Na disputa pelo governo do Rio, Freixo aparece numericamente em desvantagem, mas tecnicamente empatado com Castro nos dois cenários consultados pelo Ipec.
Um minuto, por favor…
O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.
Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.
Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.
Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.
Assine a edição semanal da revista;
Ou contribua, com o quanto puder.